Noites mal dormidas podem induzir distúrbios de atenção e memória, comprometendo o rendimento escolar e no trabalho. Queixas como ronco e apnéia, associadas à sonolência diurna, são freqüentes nos consultórios de otorrinolaringologistas. De acordo com estudos recentes, aproximadamente 20% da população mundial sofre de apnéia – caracterizada por breves e sucessivas paradas na respiração durante o sono –, mas a grande maioria não busca tratamento. A má qualidade durante o sono é relatada por até 68% dos norte-americanos. O médico Marcos Sarvat abordou estes e outros temas relacionados à respiração durante apresentação no Asma Rio 2005. O evento foi realizado no Hotel Othon, em Copacabana, no Rio de Janeiro e se encerrou na sexta-feira 2.
As causas para problemas como ronco e apnéia podem ser neurológicas, endócrinas ou ter relação com a estrutura maxilo-facial. “Hoje também sabemos que é possível existir um fator oxidativo. A perda de tônus, com o passar dos anos, favorece o ato de roncar”, afirmou Sarvat que é membro do Instituto de Otologia, Rinologia, Laringologia e Voz do Rio de Janeiro. O diagnóstico destas disfunções é feito a partir de exames modernos, capazes de identificar quantas vezes o paciente pára de respirar a noite. Indivíduos com a chamada apnéia leve podem ter de 5 a 15 paradas em uma hora de sono. A apnéia intensa ocorre quando há mais de 30 eventos por hora e requer tratamento em todos os casos. “Os alérgicos possuem até três vezes mais dificuldade para respirar quando estão na posição vertical. A rinite alérgica também é uma importante causa de distúrbios do sono em asmáticos”, disse Marcos. Dados atuais apontam que 36% das crianças que roncam são alérgicas e 78% dos pacientes asmáticos têm algum grau de rinite.
De acordo com Marcos, o tratamento da rinite deve começar desde cedo. O diagnóstico precoce continua sendo a melhor forma de obter melhora no quadro, independente da conduta médica adotada. “Cerca de 70% das crianças com alergia e rinite apresentam radiografia da face alterada”, afirmou. Tratar a rinite alérgica também favorece o controle da asma, reduzindo custos e melhorando a qualidade de vida do paciente. “Em casos não cirúrgicos pode ser necessário o uso de aparelhos odontológicos, além de controle do refluxo e do peso corporal do paciente. Quando o diagnóstico sugere o aumento de tecidos moles do nariz e da garganta – cornetos, adenóides e amígdalas – a cirurgia pode ser indicada. O procedimento cirúrgico é indicado somente após a associação de diferentes exames que confirmem sua real necessidade”, alertou.