Planta decorativa pode ser fonte de energia limpa

Um arbusto ornamental, de porte alto e capaz de ser cultivado nos Estados Unidos e na Europa, pode fornecer uma quantidade significativa de energia sem contribuir com o aquecimento global, disseram cientistas na terça-feira (6). Testes feitos no Illinois (EUA) com a gramínea, chamada miscanto, mostraram que ela pode ser um cultivo eficaz do ponto de vista econômico e ambiental.

O professor Steve Long e seus colegas da Universidade de Illinois obtiveram uma colheita de cerca de 60 toneladas por hectares desse arbusto no ano passado. “Se cerca de 8 por cento das terras (do Estado) fossem destinados a este arbusto, e assumindo que fosse obtida apenas metade dessa colheita, teríamos matéria seca suficiente para gerar toda a eletricidade usada no Estado de Illinois, o que inclui a cidade de Chicago”, disse ele em uma conferência científica.

O professor Mike Jones, do Trinity College, de Dublin, disse que o cultivo do miscanto em 10 por cento das terras aráveis da Irlanda poderia atender a 30 por cento da demanda energética do país. Nos Estados Unidos, os cientistas cogitam queimar a planta misturada em partes iguais ao carvão para gerar eletricidade. Isso poderia ser feito em algumas usinas já existentes, mas outras exigiriam modificações.

Os cientistas disseram na conferência da Sociedade Britânica para o Avanço da Ciência que esta bela planta perene, que atinge cerca de 4,2 metros, e outras gramíneas similares poderiam permitir uma redução significativa da queima de combustíveis fósseis.

“Conforme a planta cresce, ela retira dióxido de carbono do ar. Quando você a queima, devolve esse dióxido de carbono, então o resultado final sobre o CO2 atmosférico é zero”, explicou Long.

“Em termos de Kyoto, seria considerado neutro de carbono”, disse Long, referindo-se ao protocolo da ONU, de 1997, que prevê que até 2012 a emissão mundial de carbono seja 5,2 por cento inferior à de 1990.

Os cientistas usaram um híbrido estéril da planta, oriunda das montanhas japonesas, para que ela não se espalhasse no ambiente. Com sua folhagem prateada, semelhante a plumas, o miscanto é muito usado em decoração.

“Atualmente, nos testes que realizamos, não parece haver problemas com pestes e doenças”, segundo Jones. Long disse que as plantações destinadas ao uso da biomassa não estão sendo levadas a sério como forma de mitigar os níveis crescentes de dióxido de carbono na atmosfera.

“O que queremos deixar claro é que estas novas plantas que estamos examinando podem realmente fazer uma contribuição importante, e para isso não são necessários grandes avanços tecnológicos.” (Reuters/Terra.com)