A elaboração urgente de planos de ação para as espécies consideradas criticamente em perigo – sagüi- de-coleira (Saguinus bicolor), macaco guariba (Alouatta ululata) e macaco caiarara (Cebus kaapori) – seguido de novos planos para as demais espécies ameaçadas, foram as diretrizes de ações apontadas pelos pesquisadores durante o Workshop Primatas Amazônicos Ameaçados, que reuniu durante três dias, em Manaus (AM), primatólogos do Brasil e do exterior. Os pesquisadores chamaram a atenção especialmente para duas espécies – o cuxiú-de-nariz-branco (Chiropotes albinasus) e um mico da região entre os rios Abacaxis e Sucunduri (Mico saterei) – que poderão entrar na lista da fauna brasileira ameaçada de extinção nos próximos anos, por estarem exatamente nas áreas de fronteira do avanço do desmatamento.
Os estudiosos e técnicos são responsáveis pelo desenvolvimento dos estudos mais atuais em sistemática, ecologia e genética da fauna de primatas da Amazônia. Eles buscam, também, o conhecimento sobre o estado de conservação de várias espécies que têm a sua distribuição geográfica abrangidas pelas novas áreas de ocupação da Amazônia, no chamado arco do desmatamento.
Durante o encontro, foi avaliado o conhecimento atual sobre a biodiversidade de primatas amazônicos, que hoje representa mais de 70% das espécies existentes no Brasil. O Workshop serviu para o Ibama definir a estrutura e a composição básica do Comitê para a Conservação e Manejo dos Primatas Amazônicos, órgão colegiado de assessoramento ao Ibama, que funcionará como um fórum permanente para discussão e definição de ações de conservação para as espécies amazônicas.
Plano de Trabalho – Os participantes demonstraram grande preocupação com a situação da Reserva Biológica Gurupi, no Maranhão. A Reserva abriga a maior população de Cebus kaapori, além de populações de várias outras espécies da fauna ameaçada, e que vem sendo alvo de um processo intenso de desmatamento, responsável pela destruição de praticamente metade dos seus 272.375 mil ha de floresta.
Foi identificada também a necessidade de adoção de estratégias para o desenvolvimento integrado de pesquisas que objetivem a ampliação do conhecimento em sistemática, ecologia, comportamento e genética dos primatas da Amazônia, considerado ainda incipiente frente ao tamanho da diversidade de espécies da região.
Segundo o Biólogo Marcelo Marcelino, chefe do Centro de Proteção de Primatas Brasileiros e um dos organizadores do workshop existem na região grandes vazios de conhecimento onde o potencial de descoberta de novas espécies é alto. Nos últimos dez anos foram descritas seis novas espécies de primatas para a Amazônia e o anúncio da descoberta de pelo menos outras duas novas espécies deverá estar sendo publicado brevemente em revistas científicas.
Para contemplar as situações que deverão ser discutidas nos próximos anos, o Comitê deverá se estruturar já com um sub-comitê para discussão de ações de desenvolvimento integrado de pesquisas e outro para ações de manejo das populações em cativeiro de primatas amazônicos, afirma o Biólogo Onildo Marini Filho – Coordenador de Proteção de Espécies da Fauna do Ibama.
O workshop contou com a participação de representantes da Universidade Federal da Amazônia, Universidade Federal do Pará, Museu Paraense Emílio Goeldi, Fundação Oswaldo Cruz, Centro de Primatologia do Rio de Janeiro, Zoológico da Filadélfia (EUA), PUC do Rio Grande do Sul, Unicamp, entre outros. (Aldo Sérgio/Ibama/CPB)