Cientistas garantem relação entre furacões e calor

Cientistas da Universidade da Geórgia (EUA) denunciaram nesta terça-feira (4) a politização do debate sobre a relação entre a mudança climática e o poder destrutivo dos furacões, um vínculo que eles consideram irrefutável. Peter Webster e Judith Curry, do Instituto Tecnológico da Geórgia (Atlanta), garantiram em entrevista coletiva que existem provas claras que demonstram que a intensidade crescente dos furacões obedece ao aumento do calor global.

Durante o evento, realizado na sede do Banco Mundial em Washington, os cientistas apontaram que a maior fúria dos furacões durante os últimos 35 anos coincidiu com um aumento nas temperaturas do mar. O fato de a água na superfície oceânica ser mais quente também coincide com um aumento no número de furacões de categoria 4 e 5, segundo explicaram Webster e Curry.

A temperatura das águas é o “combustível” natural dos furacões, que ganham força nas superfícies marinhas e enfraquecem assim que tocam em terra firme. A relação entre ambos os fenômenos faz com que exista uma “clara necessidade” de políticas de adaptação, insistiu Curry durante a entrevista coletiva.

O especialista da Geórgia apontou que no estudo realizado junto com Webster tinham sido muito “conservadores” ao dar 75% de probabilidades à veracidade da hipóteses sobre “o poder dos furacões aumentar com o aquecimento global”. Os políticos, disse Curry em referência ao governo dos EUA, “querem uma certeza do 100% antes de agir”, algo que segundo garantiu é praticamente impossível no mundo científico.

A pesquisadora acrescentou que existe uma grande controvérsia sobre este tema na comunidade científica e garantiu que a Agência Nacional Oceanográfica e Atmosférica – da qual faz parte o NHC – Centro Nacional de Furacões, com sede em Miami – “se está virando muito politizada”.

Webster destacou que os países ricos precisam fazer algo para impedir que o fenômeno aumente, como por exemplo subvencionar “energias renováveis e limpas no Terceiro Mundo que seriam convenientes para todos”.

A conferência feita nesta terça-feira pelos pesquisadores de Atlanta põe em destaque a polêmica sobre a mudança climática após a passagem dos furacões Katrina e Rita. Do outro lado do debate estão meteorologistas como Chris Landsea, do NHC, que acha que mudança climática e os prejuízos dos ciclones, tempestades e furacões têm pouco que ver.

“A relação é tão pequena neste momento que provavelmente nem sequer podemos medi-la”, disse Landsea. O meteorologista atribui a intensidade da atual temporada de furacões a um ciclo que se repete com uma freqüência que oscila entre 25 e 40 anos.

Webster descreveu esse tipo de afirmações de “míopes” e fruto de uma observação que presta atenção só ao que ocorre na zona norte do Oceano Atlântico e não aos eventos que estão sendo desenvolvidos em todas as bacias oceânicas.

A maioria dos americanos também não parece acreditar que o aquecimento global tenha a ver com a devastadora temporada ciclônica que arrasou o litoral americano neste ano, segundo os resultados de uma pesquisa conjunta do jornal The Washington Post e a rede de televisão ABC.

A pesquisa, publicada no domingo (2), aponta que 56% dos americanos acha que o aquecimento global é um fato, enquanto que 40% não está certo disso. Além disso, 54% dos participantes disseram que as tempestades e furacões são uma dessas coisas “acontecem de vez em quando”. Só 39% disse acreditar que são o resultado da mudança climática. A versão oficial da Casa Branca é que o aquecimento global é um fato mas não está comprovado que seja resultado da intervenção humana. (EFE/ Terra.com)