Uma chuva de oito milímetros por metro quadrado entre o começo da noite de quarta-feira (5) e a madrugada desta quinta-feira (6) acabou totalmente com as queimadas que consumiam as florestas do Acre desde julho passado.
No município de Acrelândia, a 122 quilômetros de Rio Branco, as chuvas chegaram acompanhadas por um vendaval que destelhou e comprometeu a estrutura de 30 casas e de três galpões de empresas madeireiras. Dois funcionários foram feridos por telhas que despencaram e um deles teve que ser internado em Rio Branco.
O prefeito da cidade, Tião Bocalon, montou equipes de resgate para socorrer os desabrigados. Segundo ele, antes do vendaval, Acrelândia era uma das mais prejudicadas pelos incêndios florestais com a perda de plantações inteiras, gado e casas rurais. Bocalon fez um levantamento e estima que a soma das perdas na zona rural chega a R$ 40 milhões.
A chuva chegou depois de mais de três meses da maior seca do Acre nos últimos 40 anos. A estiagem inesperada propiciou a formação de incêndios descontrolados e baixou o nível dos rios do Estado causando racionamento de água e inviabilizando a navegação. Nesta quinta pela manhã, o superintendente do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, Anselmo Forneck, sobrevoou de helicóptero a área da Reserva Extrativista Chico Mendes entre Rio Branco e Assis Brasil e não viu nenhum foco de fogo. “Podemos dizer que a chuva extinguiu totalmente as queimadas”, comemorou.
Embora haja previsão de mais 25 milímetros de chuva para os próximos dois dias, Forneck disse que não vai desativar a força-tarefa que está combatendo os incêndios no Acre há duas semanas. “Temos que ficar de prontidão por mais cinco dias pelo menos”, informou. Ao todo, cerca de 300 pessoas estão envolvidas na operação, das quais 150 vieram de Brasília.
Assim que der por encerrada a temporada de fogo, o Ibama vai começar a contabilizar os prejuízos. Forneck explicou que ainda não existe nenhuma estimativa de quantos hectares foram destruídos pelo fogo e qual foi o prejuízo da flora e da fauna. Moradores da Reserva Chico Mendes estão prevendo dificuldades, já que a maioria vive do extrativismo de borracha, castanha, óleo de copaíba, vinho de jatobá, sementes, ervas medicinais e de plano de manejo de madeira, bastante atingidos pelo fogo. (João Maurício da Rosa/ Estadão Online)