A pesca do pirarucu, prejudicada pela seca que atinge a região, é controlada desde 1992. O motivo é o risco de extinção do peixe. No Amazonas, maior estado produtor, a pesca passou a ser proibida durante o ano inteiro, em 1996: o único pirarucu que pode ser comercializado é o proveniente de áreas de manejo autorizadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
“Todo animal proveniente de área de manejo tem um lacre com numeração individual. Esse código é utilizado na emissão da autorização para transporte (guia de trânsito) e para venda (guia de comercialização), que o atravessador e o comerciante solicitam ao Ibama. Se o consumidor estiver em dúvida sobre a procedência do peixe, deve pedir para verificar essa guia”, aconselhou Júlio Siqueira, chefe do Núcleo de Recursos Pesqueiros do Ibama no Amazonas.
O pirarucu é um peixe grande, que pode medir até três metros e pesar 200 quilogramas. Ele respira ar atmosférico – e é no momento em que vem à superfície que o riberinho costuma atingi-lo com o arpão. É também este vira à tona que permite a contagem dos pirarucus adultos de um lago, realizada pelos comunitários. “Cada pescador vigia um pedaço do lago, durante cerca de 20 minutos. Ele sabe que o pirarucu é adulto por causa do barulho que faz quando sobre na água e pela visualização do lombo do peixe”, explicou Ivonei Gonçalves Costa, supervisor digitador do desembarque pesqueiro na Reserva Mamirauá. É considerado adulto o pirarucu que mede pelo menos 1,5 metros (tamanho mínimo exigido para a pesca), o que equivale a aproximadamente 40 quilos.
“São os próprios pescadores que fazem a contagem e fiscalizam os lagos que solicitam ao Ibama a quantidade de peixes que gostariam de pegar. A cota, em geral, é de 30% da população adulta, para que se tenha segurança de que o estoque de pirarucus não vai terminar”, explicou Júlio.
Neste ano, por recomendação do Ministério da Agricultura, o pirarucu está sendo vendido inteiro pelos pescadores ou na forma de “charuto” (sem a cabeça e sem vísceras). “O beneficiamento ocorria no local da captura: os pescadores cortavam o pirarucu em mantas na beira do lago, sem as condições de higiene adequadas”, revelou Júlio. “A manta era mais fácil de vender que o charuto. Os pescadores agora precisam carregar o peixe inteiro nas costas, pelos varadouros (caminhos no meio da mata). Por outro lado, melhorou a qualidade do produto, e com isso a chance de ganhar novos mercados”, ponderou Luís Henrique.(Thaís Brianezi/Agência Brasil)