Vida marinha na Antártica provoca mudanças na alimentação do brasileiro, diz almirante

A vida marinha na Antártica causa impactos direto na alimentação do brasileiro. É o que afirma o almirante José Eduardo Borges dos Santos, da Secirm – Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar – órgão responsável pela execução do Programa Antártico Brasileiro. O país desenvolve, na Estação Antártica Comandante Ferraz, estudos sobre as mudanças ambientais na região, suas causas e conseqüências para a população mundial.

Os animais que vivem no mar da Antártica são trazidos para o litoral brasileiro pelas correntes marítimas. Essas correntes também transportam nutrientes que vão alimentar os peixes que vivem em águas brasileiras. “Quanto maior for a qualidade desses nutrientes, maior será a qualidade do peixe consumido no Brasil. Essa dinâmica ajuda no planejamento da pesca no litoral do nosso país”, contou Santos.

Outro benefício apontado pelo almirante da Secirm diz respeito às pesquisas sobre as aves do continente antártico. Segundo Santos, elas possuem um mecanismo que permite sua perfeita adaptação às baixas temperaturas. “O estudo do organismo dessas aves nos ajuda a descobrir dados importantes para o controle de doenças.”

Ele citou ainda o estudo das camadas de gelo presentes na região. O almirante disse que, a partir da observação desses elementos, é possível avaliar a evolução da atmosfera terrestre nos últimos anos e prever o comportamento ambiental futuro. “Isso nos ajuda a prevenir catástrofes ambientais e prevenir as populações sobre os riscos delas ocorrerem. Todas essas pesquisas, enfim, nos permitem preparar melhores condições de vida para as futuras gerações”, concluiu.

Localizada na Ilha do Rei George, a 130 quilômetros da península Antártica, na baía do Almirantado, a estação foi inaugurada em fevereiro de 1984. Sua administração é realizada por militares da Marinha do Brasil. Na estação brasileira na Antártica são desenvolvidas pesquisas sobre o mar, a fauna local e a atmosfera.

Para desenvolver os estudos, 48 universidades brasileiras, entre elas a USP – Universidade de São Paulo, a FURG – Fundação Universidade Federal do Rio Grande, a UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro e a Uerj – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, enviam pesquisadores à Estação Antártica Comandante Ferraz em diversas expedições. Só em 2005, cerca de 120 pesquisadores brasileiros passarão pela estação. (Thais Leitão/ Agência Brasil)