O processo ainda não era totalmente conhecido para as raízes das árvores da Amazônia. Em períodos de seca, que costumam ocorrer entre julho e novembro, é comum ocorrer uma redistribuição da água existente no solo da floresta.
Principalmente durante a noite, quando os estômatos estão normalmente fechados, as raízes das árvores é que são as protagonistas desse reequilíbrio hídrico. As mais profundas puxam a água do solo para as camadas mais superficiais e é esse líquido menos profundo que é fundamental para o processo de transpiração das plantas.
Estudo que será publicado esta semana na edição on-line da Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas), e em breve na versão impressa, apresenta uma nova leitura sobre a distribuição hídrica provocada pelas raízes da floresta amazônica. O trabalho teve a participação de Rafael Oliveira, do Centro de Energia Nuclear para Agricultura da Universidade de São Paulo (USP), em Piracicaba.
Após identificar o processo e desenvolver um modelo matemático para incorporá-lo à ecologia, os cientistas verificaram que, durante a época de seca, a transpiração da Amazônia, por causa da água estocada do solo, sobe 40% em relação ao período mais úmido.
Essa alteração, segundo as estimativas feitas, é suficiente para que a temperatura também não aumente tanto durante o período seco. Dessa forma, dizem os pesquisadores, está provado que o funcionamento das raízes da Amazônia se encontra diretamente relacionado com o clima regional.
Como ainda os processos de respiração e fotossíntese são muito influenciados pela temperatura, toda a cadeia pode ser ainda mais impactada, por exemplo, se o desmatamento continuar crescendo.
Sem raízes, esse balanço hídrico fundamental que ocorre no solo pode deixar de regular a temperatura da floresta durante os períodos mais secos. Dessa forma, o ciclo do carbono da região, que passa pelos processos fotossintéticos, poderá ser igualmente alterado.
O artigo Root functioning modifies seasonal climate, de Jung-Eun Lee, Rafael S. Oliveira, Todd E. Dawson e Inez Fung, pode ser lido no site da Pnas, em www.pnas.org.
Fonte: Agência Fapesp