ONU pede mais proteção a golfinhos e pequenas baleias

Londres – Mais de 70% dos golfinhos e pequenas baleias estão sujeitos a morrer enroscados em redes de pesca, revela um estudo do Programa de Meio Ambiente da ONU (Unep).

Fatores como caça, poluição, destruição de habitat e o uso de sonares militares (que interfeririam na habilidade dos animais caçarem e se comunicarem) também ameaçam a sobrevivência dos cetáceos, alerta a agência da ONU, que defendeu a melhora das leis internacionais que protegem os animais.

Os dados foram divulgados durante uma reunião dos signatários da Convenção sobre Espécies Migratórias na sede do Unep, em Nairóbi, no Quênia, na quarta-feira. Durante o evento, a ONU pediu a revisão das leis internacionais de proteção a oito espécies, propondo que elas sejam incluídas no Apêndice 2 da Convenção, que não prevê proteção obrigatória mas é formulada para estimular a conservação.

O Unep também defende que as atuais leis de proteção sejam estendidas a outras sete espécies.

“Pequenos cetáceos estão entre as criaturas mais bem amadas e carismáticas do planeta”, disse o diretor-executivo do Unep, Klaus Toepfer. “Infelizmente essas qualidades não podem protegê-los de uma ampla variedade de ameaças; portanto, eu endosso totalmente medidas para fortalecer a sua conservação por meio da Convenção sobre Espécies Migratórias e outros acordos similares.”

800 mortes por dia

Um estudo feito há dois anos indicou que cerca de 800 cetáceos morrem todos os dias ao ficar presos em redes de pesca. O diretor da Sociedade para Conservação do Golfinho e da Baleia, Mark Simmonds, acredita que, por mais drásticos que os dados pareçam, o relatório do Unep pode estar subestimando a verdadeira dimensão do problema.

“Nós sabemos muito pouco de muitas dessas espécies, particularmente daquelas de profundidade”, disse Simmonds, de Nairóbi. “Por outro lado, nós sabemos o suficiente para dizer que de forma geral que todos os golfinhos de água doce estão ameaçados. Na verdade, o próximo mamífero a entrar em extinção provavelmente será uma espécie de golfinho de água doce – é grave assim.”

Outras medidas estão sendo debatidas no encontro, incluindo uma proposta para incluir a população do Mediterrâneo de golfinhos-de-bico-curto no Apêndice I, o mais rígido da convenção.

Isso obrigaria os países a restaurar o habitat natural dos animais e mudar práticas que estão contribuindo para a queda da população – neste caso, principalmente a diminuição dos estoques de sardinhas.

Fonte: Estadão On Line