Diversos animais usam a cauda como estabilizador para dar saltos – o mais conhecido deles provavelmente é o gato. Um estudo publicado nesta quarta-feira (4) no periódico científico Nature mostrou que o lagarto africano Agama agama tem a mesma habilidade.
Na verdade, ele vai além: o lagarto consegue literalmente direcionar o corpo ativamente ao pular. “Ficamos surpresos com quão efetivamente ele pode controlar a direção do corpo mesmo durante um comportamento dinâmico tão desafiador [quanto durante o pulo]. É sabido que caudas e anexos podem ajudar no balanço, mas neste caso nos medimos quão sensível o animal todo é a uma perturbação [dessas]”, afirmou ao iG Robert Full, principal autor do trabalho, da Universidade de Berkeley, nos Estados Unidos.
Os pesquisadores liderados por Full gravaram e analisaram os saltos dos agama de cabeça vermelha e durante testes que modificavam o equilíbrio do animal ao saltar. Para ratificar o trabalho o grupo construiu um robô do tamanho do lagarto, chamado de “Tailbot”, com uma cauda removível. Os resultados obtidos pelo vídeo e pelo robô combinados com um modelo matemático dão suporte a uma hipótese de mais de 40 anos do paleontólogo John Ostrom (1928-2005).
Ostrom acreditava que os dinossauros terópodes tinham a mesma habilidade. Na análise feita pelos cientistas, o Velociraptor mongolienses, predador conhecido por sua agilidade e pelos movimentos rápidos e irregulares, tinha as características necessárias – tamanho, peso e comprimento da cauda – para usar a “técnica” em seus saltos. “Possivelmente [outros dinossauros podiam fazer o mesmo].
Imaginamos que seria mais desafiador para dinossauros maiores devido ao esforço muscular necessário”, afirmou Full. Outro resultado da pesquisa foi a constatação que a sequência final do filme “Parque dos Dinossauros”, na qual um Velociraptor pula atrás de suas vítimas, tem grandes chances de estar anatomicamente correta.
O resultado do trabalho poderá ajudar na construção de robôs mais ágeis para serem utilizados em situações críticas. “A inspiração vinda da cauda dos lagartos provavelmente levará à criação de robôs de busca e resgate que lidem melhor com o entulho gerado em situações de desastre. Robôs com pernas também terão uma capacidade maior de detectar a perigos químicos, biológicos ou nucleares que ocorram em um metrô ou uma área povoada”, diz Full. “Conforme as tecnologias humanas usaram mais características da natureza ela se tornará uma professora mais útil. Estamos agora saindo do nível [de robôs] que andam em superfícies e sobem [paredes] para aqueles que lidam com transições – uma direção para outra ou uma superfície para outra.”, completou o pesquisador. (Fonte: Alessandro Greco/ Portal iG)