O clima na Europa está passando por uma das maiores alterações dos últimos 5 mil anos, segundo o informe anual da Agência Européia de Meio Ambiente, publicado ontem. O documento analisa a situação ambiental de 30 países e avalia a eficácia das políticas adotadas para enfrentar o problema.
Como principal conclusão, o documento destaca que “as mudanças climáticas no mundo estão em marcha”, como demonstra a ocorrência cada vez mais freqüente de fenômenos meteorológicos extremos, a escassez de água em algumas regiões e o retrocesso de gelo nos pólos.
O fenômeno também se reflete no aumento de 0,95 grau Celsius nas temperaturas médias européias, que, alerta o documento, devem aumentar “de 2 a 6 graus Celsius ao longo deste século”.
A diretora da Agência Européia de Meio Ambiente, Jacqueline McGlade, disse na apresentação do relatório que a “Europa tem a obrigação de olhar além de 2012 e de suas fronteiras”, já que as mudanças climáticas são um problema global. McGlade se referia à data limite do Protocolo de Kioto. Representantes de 190 países reunidos pelos próximos dias em Montreal, no Canadá, para uma conferência sobre clima da ONU discutem justamente as bases de um novo acordo a entrar em vigor pós-Kioto.
— Numa economia cada vez mais globalizada, as decisões dos consumidores de qualquer lugar afetam cada vez mais não apenas o meio ambiente europeu, mas também o de muitas outras partes do mundo — afirmou.
Segundo a diretora, faz falta uma política mais ampla de redução das emissões de gases do efeito estufa já que, ainda que a União Européia consiga limitar o aumento médio das temperaturas a dois graus Celsius, “viveremos em condições atmosféricas jamais experimentadas por seres humanos”.
Embora as mudanças climáticas sejam o problema mais imediato, existem outras prioridades ambientais, como a luta contra a contaminação atmosférica, a regulamentação dos produtos químicos para reduzir seus efeitos nocivos à saúde e ao meio ambiente.
Áreas urbanas aumentaram cerca de 6% na Europa
Para avaliar a situação do continente, o documento analisou nove indicadores: emissões de gases do efeito estufa, consumo de energia, eletricidade renovável, emissões de substâncias acidificantes e de precursores de ozônio, demanda de transporte de mercadorias, superfície dedicada à agricultura ecológica, resíduos urbanos e uso de recursos hídricos.
O documento sugere que a Europa faça um uso mais amplo das energias renováveis. Destaca também que muitos dos problemas ambientais do continente estão relacionados às formas de utilização do solo, à estrutura econômica e aos hábitos de vida dos cidadãos. Segundo o texto, é preciso “aumentar a conscientização da população”.
O relatório cita ainda uma análise recente, segundo a qual entre 1990 e 2000 as zonas urbanas da Europa aumentaram em 6%, com a utilização de mais de 800 mil hectares de solos naturalmente produtivos para a construção de moradias e áreas de comércio. (O Globo)