A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou que a redução do índice de desmatamento anunciada nesta segunda-feira (5) resulta do Plano de Ação de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia, lançado em julho de 2003 e desenvolvido em conjunto por 13 ministérios, sob coordenação da Casa Civil. “Essa redução é, em primeiro lugar, a persistência no planejamento, a persistência em ter uma estratégia que comporte uma ação de governo de forma integrada com vários setores, um plano específico, um orçamento específico e um trabalho constante”, afirmou.
Os dados do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais apontam queda de cerca de 30% no índice de desmatamento de 1º de agosto de 2004 a 31 de julho de 2005, em comparação com o período anterior. A redução, a primeira em nove anos, significou, nas contas do instituto, a preservação de 207.015 metros cúbicos de madeira.
A área devastada estimada para este ano é de 18.900 quilômetros quadrados, 8 mil quilômetros quadrados a menos que no ano anterior, conforme divulgaram os ministérios do Meio Ambiente e da Ciência e Tecnologia, ao qual Inpe é ligado. Os dados partem de 77 imagens de satélite que correspondem a 87% da área total da Amazônia. O mapeamento total, com a estatística definitiva, deve ser concluído até o final do ano.
O mapa do desmatamento mostra que a redução não foi homogênea. As maiores quedas ocorreram no eixo em torno da BR-163, que liga Cuiabá a Santarém, onde o Ministério do Desenvolvimento Agrário e o Incra – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária adotaram medidas de combate à grilagem de terra e regularização fundiária. A derrubada de árvores continuou crescendo no sudeste do Pará e no Sul do Amazonas.
Segundo Marina Silva, o desafio, agora, é fazer com que a redução do desmatamento seja sustentado, a fim de evitar o efeito “montanha-russa”. “Nosso grande desafio, agora, é combinar as ações de comando e controle do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, da Polícia federal, do Exército e do Incra com as ações de desenvolvimento sustentado no âmbito de outros setores de governo que têm a agenda do fomento e do desenvolvimento”, disse.
Nesse sentido, segundo a ministra, é fundamental a aprovação do Projeto de Lei de Gestão de Florestas Públicas, já aprovado na Câmara e parado no Senado há nove meses. Outra ação importante, apontada por Marina Silva, é a instituição dos chamados Distritos Florestais Sustentáveis, para promoção de emprego, renda e desenvolvimento com uso sustentável dos recursos florestais. O primeiro distrito que deve sair do papel é o da BR-163, com potencial identificado de produção florestal entre 4,1 milhões e 8,7 milhões de metros cúbicos de toras e geração de 100 mil empregos diretos. Hoje, segundo Marina, a produção é de 1,6 milhão de metros cúbicos, grande parte explorada de forma ilegal.
“Ao mesmo tempo em que achamos altamente relevante esta queda, não podemos baixar a guarda”, enfatizou Marina Silva. “Iremos continuar, agora dando ênfase às ações de desenvolvimento sustentável, com a certeza de que apostar em ações estruturantes e não ter uma visão imediatista dá certo quando se trata de política pública”, concluiu a ministra. (Mylena Fiori/ Agência Brasil)