Índios caiabis libertaram nesta quarta-feira (21) os 15 reféns que mantinham desde terça-feira da semana passada (13) na aldeia Cururuzinho, próxima à divisa de Mato Grosso com o Pará.
Segundo Payê Kayabí, administrador regional da Funai – Fundação Nacional do Índio encarregado de acompanhar a libertação e o transporte dos reféns, os 14 homens e a mulher que eram mantidos na aldeia chegaram de avião à cidade de Alta Floresta por volta das 14h.
A decisão de libertar os reféns foi tomada na tarde de terça-feira (20) em Alta Floresta (800 km ao norte de Cuiabá), durante encontro que reuniu lideranças indígenas e representantes da Funai, do Ministério Público Federal de Mato Grosso, da Polícia Federal e do Ibama.
Segundo o procurador federal Mário Lúcio Avelar, que participou da reunião em Alta Floresta, os reféns foram liberados após a Funai informar que um laudo antropológico – comprovando que a terra reivindicada pelos caiabis é indígena – já foi entregue à Justiça e que pode retomar a demarcação da área.
Na terça-feira da semana passada, os caiabis detiveram 32 pessoas, acusadas por eles de extrair madeira na região. A ação foi um protesto contra a demora na demarcação das terras e contra a presença de posseiros e madeireiros na área. Até sábado (17), Payê Kayabí, da Funai, havia negociado a saída de 17 pessoas, entre elas nove crianças. Segundo ele, ninguém sofreu violência física.
A terra caiabi ocupa cerca de 1 milhão de hectares na divisa entre Mato Grosso e Pará e reúne cinco aldeias, onde vivem aproximadamente 300 índios. Seus limites foram declarados em outubro de 2002, mas uma liminar da Justiça Federal de Mato Grosso pedida por fazendeiros interrompeu a demarcação em agosto de 2004.
Segundo Moisés Prado dos Santos, um dos fazendeiros que entraram na Justiça para suspender a demarcação, os produtores rurais estabelecidos na área têm documentos que comprovam a venda da terra pelo governo de Mato Grosso na década de 1960. (Daniele Siqueira/Folha Online)