Um composto presente no vinho tinto tem o poder de prolongar a vida – ao menos em peixes -, de acordo com pesquisadores italianos. As propriedades do composto, chamado resveratrol, já haviam sido comprovadas com células de levedura, moscas de frutas e minhocas. Mas a nova pesquisa, publicada na última edição da revista “Current Biology”, é a primeira a mostrar o efeito do composto em um ser vivo mais complexo.
Já existem crescentes evidências de que o vinho tinto – em quantidades moderadas – pode beneficiar a saúde. O produto ajudaria, por exemplo, a reduzir problemas cardíacos e atuaria como um antioxidante. O interesse médico tem sido concentrado no resveratrol, encontrado nas cascas das uvas, porque ele parece ter o tipo certo de propriedades para gerar esses efeitos.
Enquanto as qualidades benéficas do resveratrol já foram demonstradas em pequenos organismos como moscas de frutas, a verificação do prolongamento da vida em animais maiores demanda mais tempo – mesmo em camundongos, que vivem normalmente dois anos e meio. Os pesquisadores italianos usaram, em vez disso, uma espécie de peixe do leste da África com uma expectativa de vida média de nove semanas.
Alimentados com suplementos de resveratrol, os peixes viviam até 50% mais. Além disso, os peixes mais velhos permaneciam em boas condições físicas. O pesquisador-chefe, Alessandro Cellerino, disse ter ficado impressionado com a condição atlética dos peixes tratados com resveratrol em comparação com os peixes do grupo de controle.
“Na primeira vez, não acreditei. Verificamos, por exemplo, que com a idade de nove semanas os peixes de controle nadavam a uma velocidade que é a metade da dos peixes mais jovens, enquanto que os peixes tratados com resveratrol nadavam até mais rápido que os mais jovens”, disse Cellerino. “Então, os efeitos em nossos peixes foram realmente de larga escala.”
Adaptando a experiência proporcionalmente à massa corporal, uma pessoa teria de consumir 160 garrafas de vinho por dia para ter os mesmos benefícios do resveratrol, o que certamente não é uma receita para a boa saúde.
Além disso, pode haver na prática algo que torna os peixes mais sensíveis aos seus efeitos. Mas os pesquisadores acreditam que as doses muito mais baixas de resveratrol que uma pessoa consome podem ajudar a saúde na velhice. (BBC Brasil/ Estadão Online)