Cientistas divulgaram na segunda-feira (6) uma imagem tenebrosa dos efeitos do aquecimento global, alertando para o derretimento das geleiras e aumento do nível das águas, descongelamento do subsolo e florestas mais suscetíveis a insetos e queimadas. “Muitas das coisas que você lê fazem parecer que há algum tipo de incerteza” sobre a mudança climática, disse Jonathan Overpeck, professor de Geociências na Universidade do Arizona. “Não existe incerteza”.
As questões que ainda precisam ser respondidas são quanto do aquecimento é causado pelos humanos, e o quão drásticos serão os efeitos a longo prazo.
Deborah Williams, diretora da Fundação de Conservação do Alasca, disse que o Alasca é o “ponto zero” para a observação dos efeitos do aquecimento global, pois muitos dos fenômenos naturais estão ligados ao gelo e às repercussões de seu derretimento.
Os estudos de Overpeck, a partir de dados da Nasa, mostram como o Ártico diminuiu em tamanho e profundidade. Previsões de 25 anos atrás falavam sobre a diminuição do gelo. “O que nós não imaginávamos é que seria tão dramático”, disse. Os cientistas afirmam que o verão do Ártico poderá não ter gelo nenhum antes do final do século, abrindo as rotas marítimas do Norte mas ameaçando a existência de ursos polares, mamíferos que dependem da existência do gelo para viver.
Outros assinalaram os efeitos do aquecimento nos peixes, florestas e na tundra. James Overland, um pesquisador da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica por mais de 30 anos, disse que a perda do gelo significou a prosperidade para algumas espécies e prejudicou outras.”O ecossistema marinho está mudando drasticamente no norte”, disse.
Estudos das temperaturas em Talkeetna e Fairbanks indicam que o aquecimento diminui a quantidade de água para as árvores. “Quanto mais quente, menos as árvores crescem” disse Glenn Juday, professora de ecologia na UAF – Universidade do Alasca de Fairbanks. O aquecimento também as torna mais suscetíveis a queimadas e insetos.
Se o aquecimento continuar, Overpeck alerta, o globo eventualmente receberá uma dura mensagem do Ártico: o aumento do nível das águas. Os oceanos mais altos invadirão as terras a nível do mar, como New Orleans, tornando a recuperação na cidade após o furacão sem sentido. “É difícil imaginar porque estamos reconstruindo se vamos permitir o aquecimento global”, disse. (Estadão Online)