A genética ou o meio em que vivem não podem explicar sozinhos as variações no comportamento de diversos grupos de macacos, descobriu um estudo. Uma pesquisa comportamental com 370 gorilas nos zoológicos norte-americanos mostraram 48 variações na maneira com que grupos individuais de macacos sinalizam, usam ferramentas e procuram conforto, disse Tara Stoinski, do Fundo Internacional para Gorilas Dian Fossey. “O que ficou muito óbvio é que existe um padrão muito distinto de similaridades e diferenças entre os grupos”, disse Stoinski.
Isso sugere que as diferentes características pessoais dos gorilas surgem socialmente, e não geneticamente, o que é uma marca de cultura. Os resultados foram apresentados neste domingo no encontro anual da AAAS – Associação Americana para o Avanço da Ciência.
Os pesquisadores haviam descoberto anteriormente que outras espécies de macacos – incluindo chimpanzés e orangotangos – mostram diferenças culturais também na maneira como procuram alimento, utilizam ferramentas e cortejam.
“Esses animais são espertos o suficiente para observar comportamentos e imitá-los”, disse Ingrid Porton, curadora dos primatas no Zoológico de Saint Louis.
Que os gorilas fazem o mesmo e talvez não sejam os “primos burros” da família dos macacos não deveria ser surpreendente, disse Andrew Whiten, professor de psicologia de desenvolvimento e evolução na Universidade de St. Andrews.
“É um pouco surpreendente apenas se você acreditar na noção comum de que os gorilas não são tão espertos quanto o resto”, disse Whiten, especialista em chimpanzés.
Stoinski disse que as pesquisas descobriram que até os gorilas de um mesmo zoológico, mas que vivem em grupos separados, podem apresentar diferenças culturais.
Alguns exemplos de comportamentos aprendidos, quando passados de geração em geração, podem ter influência na evolução, disse Carel von Schaik, especialista em orangotangos da Universidade de Zurique. “Pode-se discutir também que as espécies culturais se tornarão as mais espertas”, completou. (Estadão Online)