A sabedoria dos povos indígenas do Acre tem sido usada por falsos terapeutas para atrair interessados em curas milagrosas. O alerta é dos próprios índios. Em entrevista à Rádio Nacional da Amazônia , líderes da comunidade Yawanawa denunciaram o uso indevido de uma substância retirada da barriga da rã Phyllomedusa bicolor, conhecida popularmente como vacina do sapo kambô.
O índio Joaquim Luiz explicou que a secreção é, para os povos indígenas do Acre (Yawanawa, Katukina e Kaxinawa), uma espécie de vacina que protege contra as doenças, as energias negativas, além de rejuvenescer as energias de uma pessoa. No entanto, o material é utilizado com os cuidados próprios de uma cerimônia milenar.
“A gente está ouvindo muito falar que, no Sul do país, as pessoas usam a vacina sem respeito, visando o lucro com a venda do leite do sapo pela Internet e aplicação do mesmo sem nenhum tipo de preparo e nenhuma permissão dos povos indígenas, com risco até de morte”, alertou Joaquim Luiz.
De acordo com ele, as comunidades indígenas estão envolvidas em um projeto com a Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária para proibir o uso do sapo kambô até que haja uma lei que proteja o conhecimento dos índios.
Há dois anos, Anvisa já havia determinado a suspensão de toda propaganda da vacina veiculada nos meios de comunicação. A venda é considerada crime ambiental. (Patrícia Landim e Paula Catarina/ Radiobrás)