A coordenadora nacional da organização evangélica Jocum – Jovens Com Uma Missão, Bráulia Inês Ribeiro, negou nesta sexta-feira (10) qualquer tipo de agressão cultural às práticas indígenas. Mas defendeu, em entrevista à Radiobrás , medidas para impedir a prática de suicídio entre os indígenas Suruahá, no Amazonas.
“Quando nossos indigenistas estão na área, eles correm atrás da pessoa, tentam colocar um graveto na garganta dela para fazê-la vomitar. É uma atuação desesperada para salvar vidas”, afirmou. “Em nome do relativismo cultural, você não pode assistir passivamente à morte de alguém”.
Os Suruahá vivem em uma área demarcada e homologada de 2,5 milhões de hectares em Tapauá, no sul do Amazonas. Atualmente há apenas 137 indígenas dessa etnia – nos últimos 2,5 anos, 28 pessoas desse povo se mataram, ingerindo o veneno da planta timbó. Eles acreditam que o suicídio é uma maneira de reencontrar os antepassados.
“Outra prática da cultura Suruahá é abandonar crianças com necessidades especiais ou doentes”, contou Ribeiro. “O infanticídio é comum também em outros povos indígenas – e ignorado pelo governo brasileiro”.
A Jocum foi denunciada pelo Cimi – Conselho Indigenista Missionário ao Ministério Público Federal porque retirou, em abril do ano passado, duas crianças Suruahá do seu território. Elas foram levadas, acompanhadas por seis parentes, para tratamento em Porto Velho (Rondônia) e, posteriormente, em São Paulo.
Na última quarta-feira (8), a Funasa – Fundação Nacional de Saúde pediu aos promotores da 6ª Câmara Tématica – Índios e Etnias a retirada dos missionários do Cimi e da Jocum da terra Suruahá. O Ministério Público Federal ainda não se manifestou sobre o pedido. (Thaís Brianezi/ Agência Brasil)