A proposta de se discutir o uso não-letal de cetáceos em diversos foros internacionais ganhou adesão de participantes do evento paralelo promovido nesta quarta-feira (22) pelo Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis durante a COP8 – Oitava Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, em Curitiba (PR).
O uso não-letal vem sendo discutido há anos em reuniões da CIB – Comissão Internacional da Baleia, responsável pela implementação da Convenção Internacional para a Regulação de Atividade Baleeira. Mas sem avanços.
“É imperativo que os países que buscam garantir o direito ao uso legítimo da biodiversidade marinha, através do uso não-letal dos cetáceos, levem a defesa desse direito a outros foros internacionais”, defendeu o presidente do Ibama, Marcus Barros, quando abriu o evento paralelo.
Os demais integrantes da mesa redonda montada para discutir “Uso não-letal de cetáceos: repartindo benefícios da biodiversidade com todo o mundo e mantendo vivas as baleias” concordaram com Barros.
O vice-comissário do Brasil junto à CIB, José Truda Pallazzo, por exemplo, disse que a comissão orienta seus trabalhos com base na “anacrônica” Convenção Internacional para a Regulação de Atividade Baleeira, criada em 1946. Ele ressalta que o o direito ambiental mudou bastante no mundo e citou que a Convenção de Dirieto do Mar, também das Nações Unidas, definiu tratamento especial para cetáceos.
O comissário da Argentina na CIB, embaixador Eduardo Iglesias, ressaltou que a proposta de uso não-letal se insere perfeitamente na Convenção da Diversidade Biológica.
O chefe do Departamento de Meio Ambiente da Nova Zelândia, Allan Cook, informou que em seu país a caça a baleias é considerada atividade desumana. A matança, segundo ele, é menos lucrativa do que investir no turismo de observação de baleias. Turistas do mundo inteiro vão a Kaikoura, na Nova Zelândia, para observar estes animais. Cook contou que a região é tão repleta de baleias que as empresas turísticas garantem: “se você não enxergar baleia, terá o seu dinheiro de volta”.
Outra proposta bastante comentada durante o evento paralelo do Ibama na COP 8 foi a criação dos santuários do Atlântico do Sul e do Pacífico Sul, áreas livres de caça de baleia. (Sandra Sato/ Ibama)