Novo fóssil fortalece cadeia da evolução humana

O mais recente fóssil descoberto na África permite que cientistas montem a mais completa cadeia da evolução humana. O fóssil de 4,2 milhões de anos, descoberto no nordeste da Etiópia, ajuda os pesquisadores a preencher as lacunas no salto entre espécies que precederam a humanidade. Isso porque o Australopithecus anamensis, foi descoberto na região do Awash Médio – onde sete outras espécies semelhantes à humanidade, cobrindo um período de 6 milhões de anos, e três importantes fases do desenvolvimento humano também foram encontradas.

“Acabamos de encontrar a cadeia evolucionária, a continuidade no tempo”, disse um dos co-autores do estudo, o antropólogo etíope Berhane Asfaw. “Uma forma evoluiu na outra. Isto é evidência de evolução, num local, ao longo do tempo”. As descobertas são apresentadas nesta quinta-feira na revista Nature.

A espécie anamensis não é nova, mas sua localização ajuda a explicar a transição de uma fase do desenvolvimento da espécie humana para outra, dizem cientistas. Todas as oito espécies encontradas na mesma região da Etiópia estavam a pouca distância uma da outra.

Até hoje, só o que os cientistas tinham eram retratos da evolução humana, espalhados em diversas partes do mundo. Achar tudo num mesmo lugar transforma esses retratos num filme. “É como ter 12 quadros de um filme que cobre 6 milhões de anos”, disse o principal autor do estudo, Tim White, co-diretor do Centro de Pesquisa em Evolução Humana da Universidade da Califórnia em Berkeley.

“A chave aqui são as seqüências”, disse White. “Há cerca de um quilômetro e meio de espessura de rocha no Médio Awash e, nela, podemos ver todas as três fases da evolução humana”.

O ser humano atual é parte do gênero Homo, um subgrupo da família dos hominídeos. O que evoluiu no Homo foi provavelmente o gênero Australopithecus, que inclui o famoso fóssil “Lucy”, de 3,2 milhões de anos. Um candidato ao gênero que deu origem ao Australopithecus é chamado Ardipithecus. A nova descoberta ajuda a preencher a lacuna entre Ardipithecus e Australopithecus. (AP/ Estadão Online)