Marte foi um planeta quente e úmido na “infância”, quando pode ter apresentado um ambiente favorável ao desenvolvimento da vida, mas as condições duraram pouco tempo, segundo um estudo divulgado pela revista Science. Quando ainda não estava completamente desenvolvido, o planeta sofreu uma importante mudança climática, que o transformou num corpo frio, árido e ácido. Essas são as conclusões do estudo apresentado por cientistas franceses, italianos, russos, alemães e americanos.
“Há 3,5 bilhões de anos, as condições ambientais em Marte começaram a ficar cada vez mais secas e ácidas. O planeta se tornou desagradável para qualquer tipo de vida. Nenhum micróbio sobreviveria”, diz no relatório John Mustard, geólogo da Universidade de Brown, no Estado americano de Rhode Island.
O estudo se baseia na história mineral de Marte, estreitamente vinculada à presença de água no planeta. Os dados enviados pelas missões de órbita e pelos veículos exploradores da Nasa em Marte permitiram as conclusões. O grupo de cientistas, liderado por Jean-Pierre Bibring, astrofísico da Universidade de Paris, determinou que em Marte houve três eras geológicas claramente definidas.
A primeira começou com o nascimento do planeta, há cerca de 4,6 bilhões de anos, e durou 600 milhões de anos. A principal característica era a presença de minerais hidratados, que precisam de água em abundância e altas temperaturas para se formar.
Na segunda era, de 4 a 3,5 bilhões de anos atrás, houve uma mudança dramática. O ambiente aquecido e alcalino ficou totalmente árido e ácido, dando origem a minerais como a hematita cinza.
Segundo os cientistas, a mudança foi causada por violentas erupções vulcânicas. A atmosfera se encheu de enxofre, que depois se precipitou sobre toda a superfície de Marte.
A era atual começou há 3,5 bilhões de anos, com os minerais se formando sem a presença de água. Eles são, na maioria, ricos em ferro, e podem ser encontrados em toda a superfície do planeta. A sua formação é um reflexo das condições frias e áridas que duram até hoje, segundo os cientistas.
A última conclusão do estudo é de que o tom vermelho do planeta não se deve à presença inicial de água, e sim a pequenos grãos de hematita vermelha ou algum outro tipo de mineral saturado pelo ferro.
(Fonte: EFE / Estadão online)