Economista sugere uso de Kyoto para atrair capital

Graciela Chichilnisky, professora de economia e matemática da Universidade de Columbia, em Nova York (EUA), previu na quinta-feira (27) que os países da América Latina, incluindo o Brasil, poderão atrair US$ 12 bilhões em investimentos nesta década com projetos dentro do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) do Protocolo de Kyoto. O dado se apóia em projeção das Nações Unidas. O MDL, disse, criou um mercado financeiro global que permite o intercâmbio de direitos de emissões de carbono.

Graciela, cidadã americana nascida na Argentina, disse que as empresas da América Latina podem ganhar muito dinheiro e atrair investimentos em tecnologias novas e limpas dentro do MDL. Pelo MDL, países desenvolvidos podem financiar projetos de redução de emissões em países em desenvolvimento, contabilizando os empreendimentos como parte do cumprimento de suas próprias metas de redução de gases estabelecidas em Kyoto.

Na visão de Graciela, o Protocolo de Kyoto, que transformou-se em lei internacional, é uma inovação financeira para os países da região em um momento em que a conjuntura é favorável. “A América Latina é a região que mais exporta produtos básicos para a China e esta é uma grande oportunidade comercial. Mas, ao mesmo tempo, esta pode ser também uma armadilha porque pode atrasar a emergência da revolução do conhecimento na região”, disse Graciela ao Valor antes de participar, ontem, de um painel da 13ª Conferência Financeira Global, promovida pela Coppead e Andima.

Ela falou sobre inovações e novos instrumentos financeiros que podem ser aplicados à região para criar emprego e gerar inovação. Um dos objetivos, salientou, deve ser que os países latino-americanos exportem produtos avançados e de massa ao invés de commodities. Uma das formas de criar mais emprego, segundo ela, é melhorar a liquidez do capital de risco. Ela diz que tanto nos Estados Unidos como na América Latina as micro, pequenas e médias empresas são as que produzem mais empregos.

“Essas empresas precisam de capital de risco, que quase não existe na América Latina”, disse. Para estimular o capital de risco na região, ela sugere a criação de uma instituição semelhante à Fannie Mae, nos EUA, que fornece produtos financeiros e serviços no setor imobiliário para que famílias de baixa e média renda comprem imóveis. Graciela também defende o surgimento de uma instituição multilateral que crie uma cesta de bônus nacionais, respaldados por ativos dos países da região, capazes de atrair capitais estrangeiros, sobretudo os chineses. (Valor Online/ Clima.org)