Na lista das vilãs, petroleiras e mineiradoras investem em segurança

Grandes companhias sempre estiveram no alvo das críticas de ambientalistas. Mas fábricas de papel, petroleiras e mineradoras, pelo elevado impacto de suas atividades, têm ainda mais dificuldade para serem reconhecidas pela população como “amigas da natureza”. Para cumprir a legislação, bem mais rigorosa após a aprovação da nova lei de crimes ambientais (em 1998), e mesmo evitar motivos para novos ataques, algumas delas vêm mudando, aos poucos, seu modo de trabalhar.

“A Alcoa é uma grande mineradora e sabe que vai perder mercado no futuro se não cuidar da questão ambiental”, comenta Marina Kahn, assessora de programas do Funbio. Segundo ela, a companhia já levou pesadas multas por problemas do gênero mas está muito mais cautelosa agora. Antes de implantar um gigantesco projeto de exploração de bauxita na Amazônia, o Juruti, a companhia procurou o Funbio em busca de propostas de exploração sustentável da região.

Outra empresa escaldada pelos erros do passado é a Petrobrás. Por atuar em uma das mais arriscadas atividades econômicas, a produção de petróleo, a estatal dificilmente se verá inteiramente livre de problemas. Mas, depois de três grandes desastres ambientais e humanos em apenas dois anos – os gigantescos vazamentos de óleo na Baía de Guanabara e no Rio Iguaçu, em 2000, e a explosão e afundamento da plataforma P-36, em 2001 –, decidiu dar prioridade máxima a sua área de SMS – Segurança, Meio Ambiente e Saúde.

Há duas semanas, no Rio de Janeiro, executivos da empresa admitiram discretamente, no lançamento do Programa Petrobrás Ambiental, que os acidentes acenderam a luz amarela na questão dos padrões de segurança da empresa. A mudança foi tal que, hoje, todas as unidades da companhia possuem o ISO 14001, certificado internacional que atesta a sustentabilidade ambiental de processos de produção. A média anual de vazamentos, de 2,85 milhões de litros por ano antes de 2000, caiu para os atuais 269 mil litros, média considerada de excelência na atividade petrolífera mundial.

Atividades envolvidas com papel, desde a produção até a impressão, também geram impactos consideráveis sobre o meio ambiente. Por isso, a Klabin, que possui em Telêmaco Borba uma das maiores fábricas mundiais do setor, mantém desde 2000 um projeto de mais de R$ 5 milhões, em parceria com o Funbio. “A proposta foi mobilizar funcionários para manter um grande viveiro de ervas medicinais em uma área de mata atlântica intocada no entorno da empresa”, diz Marina. A indústria foi a primeira papeleira das Américas a obter o selo da instituição alemã FSC – Forest Stewardship Council, que atesta que a empresa desenvolve suas atividades dentro de elevados padrões de sustentabilidade sócio-econômica e conservação ambiental.

Também localizada no Paraná, a Posigraf foi a primeira gráfica do país a obter a certificação ISO 14001. Para evitar a liberação de resíduos tóxicos na atmosfera, a empresa criou uma estação de tratamento de gases que libera somente os vapores. Além disso, empresas contratadas reciclam ou processam todos os resíduos da gráfica, a fim de evitar o envio de sobras para aterros de lixos químicos. (Gazeta do Povo/PR)