A ilha de Madagáscar sempre intrigou os pesquisadores envolvidos com algum aspecto da diversidade biológica mundial. Por causa disso, tem importância particular uma nova teoria que tenta explicar por que, afinal de contas, aquele pedaço do globo é tão rico em biodiversidade.
A grande distância geográfica que existe entre Madagáscar e a África ou a Índia deve ser encarada como apenas parte da explicação, afirma o artigo de Lucienne Wilmé, do Jardim Botânico de Missouri, nos Estados Unidos, e colaboradores. O texto mereceu a capa da Science de 19 de maio.
A teoria montada agora, a primeira que tenta explicar a riqueza da flora e da fauna madagascarense e o grande microendemismo lá existente, está assentada na importância que as massas de água têm para as espécies animais e vegetais. Outro ponto importante é a mudança do clima, que teria ocorrido em toda a Terra principalmente no fim do Terciário e, mais recentemente, há 20 mil anos, durante a última grande glaciação.
Quando o clima ficou seco e frio, grande parte do planeta foi coberto por gelo. Em Madagáscar isso fez com que as terras mais altas ficassem úmidas. Por causa disso, como mostra o estudo que analisou 35,4 mil registros de vertebrados que vivem atualmente na ilha no Oceano Índico, boa parte dos animais, pelo menos, saiu das terras baixas em direção aos três grandes picos da região.
Aqueles grupos que não se retiraram por completo para as zonas mais altas teriam ficado em zonas intermediárias, próximas a regiões fluviais represadas, com boa quantidade de água, essencial por causa do ambiente seco daqueles tempos. É exatamente nesse locais, defendem os cientistas, que as explosões de espécies estão localizadas. (Agência Fapesp)