Ecossistemas com grande diversidade de espécies vegetais são não só mais produtivos, como mais capazes de suportar e superar variações climáticas, pragas e doenças ao longo de grandes períodos, informa um novo estudo. Trata-se do primeiro experimento a reunir dados suficientes – com tempo bastante e um ambiente controlado – a confirmar a tese de que a biodiversidade estabiliza o ecossistema.
As descobertas, publicadas na edição desta semana da revista Nature, são resultado de 12 anos de experiências conduzidas por David Tilman, ecologista da Universidade de Minnesota, e colegas. O estudo foi conduzido na estação de Pesquisa Ecológica de Longo Prazo Cedar Creek (LTER), uma das 26 estações do tipo mantidas pela Fundação Nacional de Ciências dos EUA (NSF).
“Este estudo demonstra com clareza que a estabilidade da comunidade vegetal, ao longo do tempo, aumenta com o aumento da riqueza de espécies”, diz Martyn Caldwell, diretor da Divisão de Biologia Ambiental ad NSF, que financiou o trabalho.
A biodiversidade dos ecossistemas de todo o mundo vem caindo, conforme a população humana aumenta, disse Tilman, porque diversos ecossistemas, como florestas e pradarias, foram eliminados para abrir caminho para campos agrícolas, prédio e estradas.
A pesquisa mostra que os ecossistemas que contêm grande diversidade de espécies vegetais são mais produtivos que os que contêm apenas uma espécie, como as monoculturas agrícolas. Um retorno à biodiversidade poderá ser a chave, dizem Tilman e seus co-autores, para atender à demanda por energia da população e para a restauração dos ecossistemas. O pesquisador sugere o uso da biomassa de pradarias para a produção de biocombustível, “sem a necessidade de queimadas, pesticidas e fertilizantes”. “Pode-se plantar uma pradaria uma única vez e ceifá-la uma vez ao ano pela biomassa, praticamente para sempre”, diz. (Estadão Online)