A Noruega iniciou nesta segunda-feira (19) a construção de um depósito mundial de sementes em Svalbard, no Oceano Ártico, para assegurar a continuidade das espécies agrícolas e também do ser humano, em caso de catástrofes naturais, guerras nucleares ou sabotagens terroristas.
Este projeto conta com o apoio da FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação, da América Latina, da África e da Europa.
“A instalação será nossa última rede de segurança”, disse o primeiro-ministro norueguês, Jens Stoltenberg, ao inaugurar o início da construção, no arquipélago de Svalbard, no meio do Oceano Ártico.
A Universidade de Biotecnologia e Meio Ambiente de Aas, no leste da Noruega, ficará responsável pela construção deste depósito mundial.
Svalbard foi escolhida por ter ótimas condições climáticas, segundo o ministro de Agricultura norueguês, Terje Riis-Johansen.
O político disse ainda que o local preservará a herança genética de milhares de plantas, caso alguma catástrofe natural ou humana, a mudança climática ou a guerra nuclear destruam as plantações mundiais. “Será uma espécie de ´Arca de Noé´”, declarou Riis-Johansen.
O depósito do Ártico armazenará 3 milhões de amostras genéticas, procedentes de 11 instituições de países como Colômbia, México, Índia, Filipinas e Quênia, onde sementes de mandioca, feijão, milho e trigo já estão protegidas.
Segundo fontes norueguesas, as sementes, enterradas a mais de 10 metros, serão mantidas em caixas-pretas, a uma temperatura natural de seis graus negativos e um sistema de refrigeração artificial que pode chegar a 18 graus negativos, caso a temperatura externa aumente.
A câmara, com 54 metros de comprimento e 6,2 metros de altura, será cavada em uma montanha de pedra, à prova de atividades vulcânicas, sísmicas, radiação e ao aumento do nível do mar.
Uma cerca de alta segurança, equipada com câmeras de televisão e detectores de movimento, além de agentes de segurança noruegueses e até ursos polares impedirão o acesso ao tesouro biogenético e frustrarão possíveis sabotagens.
O banco não poderá ser utilizado para pesquisa científica. Sua construção custará cerca de 30 milhões de coroas (US$ 5 milhões), mais futuras despesas de manutenção.
A transferência de sementes de um país à base biológica de Svalbard será regida por um acordo entre o governo norueguês, proprietário do banco, e o do doador, dono do material genético.
Cada país fornecerá sementes procedentes de seus próprios bancos genéticos, em caixas-pretas cujo conteúdo não será examinado. Com isso, a folha de coca e a papoula do ópio podem ser guardadas também, por serem “plantas agrícolas”.
A iniciativa do banco de sementes nasceu em 1983, quando a FAO aprovou o Compromisso Internacional sobre Recursos Fitogenéticos.
A idéia foi tomando corpo a partir de 1992, ao ser promulgada a Convenção sobre Diversidade Biológica do Rio de Janeiro e ganhou vida em 2004, com a entrada em vigor do Tratado Internacional sobre os Recursos Fitogenéticos para a Alimentação e a Agricultura.
Por unanimidade, ministros da Agricultura de 70 países chegaram a um acordo no último dia 14 em Madri, para a assinatura desse Tratado. A abertura da base de Svalbard está prevista para setembro de 2007. (Efe/ Estadão Online)