O início da seca na região centro-sul do Brasil deixa em alerta pesquisadores, institutos de climatologia e organizações ambientalistas. A possibilidade de um nvo perído de estiagem ainda é pouco cogitada, mas já são feitos monitoramentos em várias áreas.
Com a diminuição das chuvas, uma das preocupações do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) envolve as áreas de cultivo agrícola que atendem estados como o de Rondônia. Além disso, o aumento no número de queimadas, no período de seca, eleva o risco de incêndios que podem destruir parte da floresta.
De acordo com o chefe da Divisão de Meteorologia e Climatologia do Sipam de Manaus, Ricardo Dalla Rosa, a média de chuva nesse período é de 50 milímetros por dia. Caso esse nível fique abaixo de 20 milímetros, haverá uma situação de risco maior. “Isso é de certa forma preocupante porque agora vem o período de chuvas pouco abundantes. E a tendência é que aconteçam chuvas abaixo do normal nesse mês e talvez em agosto, em Rondônia, Acre e sul do Amazonas”, afirma.
Segundo ele, fenômenos como o aumento nas temperaturas dos oceanos podem diminuir o nível de precipitações. Dalla Rosa explica que os oceanos são importantes para climatologia, já que modulam a quantidade de chuvas nas regiões. O oceano atlântico tropical, na região do Golfo, apresentou anomalias de dois graus centígrados acima do normal (25º C).
Nessas áreas acontece a convecção, movimentos de formação de nuvens que, conseqüentemente, ocasionam as chuvas. “Como a atmosfera é um meio continuo, em algum lugar esse ar que está subindo deve descer. Mas quando o ar frio desce inibe a formação de nuvens. E é isso que está acontecendo aqui, o ramo descendente dessa convecção é sobre o sul da Amazônia. Aí, nos temos chuvas abaixo do normal”, esclarece.
No entanto, fatores como aquecimento global, desmatamento e aumento na intensidade do efeito estufa também podem provocar estiagem de chuvas. Para o coordenador da campanha de Clima do Greenpeace, Carlos Rittl, a derrubada de parte da floresta Amazônica tem grande efeito para o deseqüilíbrio do clima.
De acordo com ele, metade das chuvas na região depende das florestas. Com o desmatamento, a região produz pouca umidade necessária para que aconteçam precipitações. Em outubro do ano passado, a região amazônica viveu a maior seca dos últimos 50 anos. As populações ribeirinhas foram as que mais sofreram com a estiagem.
Com a baixa no nível dos rios, essas comunidades ficaram isoladas e sem acesso à saúde, escola, alimentação e água potável para o consumo. No dia 10 de outubro o governo estadual decretou estado de calamidade pública em 61 municípios amazonenses. O governo federal liberou R$ 30 milhões, 50 mil cestas básicas, 130 kits de medicamentos e 18 toneladas de hipoclorito de sódio, substância para tornar a água potável. A seca chegou a atingir também outros o Acre, Rondônia e Pará.
(Fonte: Monique Maia / Agência Brasil)