Uma equipe internacional de geneticistas identificou um gene que pode ajudar a salvar os arrozais de inundações desastrosas, segundo um estudo que será publicado na edição desta quinta-feira (10) da revista científica britânica “Nature”.
As plantas de arroz precisam de muita água para crescer, mas se ficarem submersas podem morrer em uma semana. O gene permite às plantas sobreviver à completa imersão por até duas semanas.
Inundações representam um prejuízo a agricultores do sul e do sudeste asiático de mais de US$ 1 bilhão por ano, enquanto na Coréia do Norte as inundações que castigaram o país em meados dos anos 1990 foram responsáveis pela fome que, segundo grupos de auxílio, contribuiu para a morte de cerca de dois milhões de pessoas.
Algumas cepas são conhecidas por sua alta tolerância à submersão, graças a uma seqüência genética chamada Sub1, localizada no cromossomo 9. Mas nem todas as plantas com Sub1 tem a capacidade de resistir ao excesso de água. O estudo genético conduzido por David Mackill, do IRRI – International Rice Research Institute, nas Filipinas, descobriu que essa responsabilidade cabe a uma variedade específica do Sub1, que foi batizada Sub1A-1.
Segundo os cientistas, uma única letra no código genético tornou o Sub1A-1 especial. Para testar sua descoberta, eles inseriram o Sub1A-1 em uma cepa de planta de arroz intolerante à submersão e descobriu que ela voltava à vida após 11 dias submersa.
As descobertas têm grande importância para a Ásia, que enfrenta o desafio de alimentar a população que mais cresce no mundo, enquanto a cada ano mais campos agrícolas perdem terreno para a urbanização. Outro risco é a mudança climática, que os cientistas temem que vá resultar em mudanças abruptas nos padrões de chuvas.
Existem cerca de 120 mil variedades de arroz, criadas para atender a demandas variadas, como maior produção, resistência a doenças, maior valor nutricional e sabor. A produção de arroz dobrou nos últimos 40 anos, graças sobretudo a variedades semi-anãs introduzidas no fim dos anos 1960 na chamada Revolução Verde, e às cepas híbridas que foram introduzidas em meados dos anos 1970. (Folha Online)