A mudança climática está afetando a intensidade dos furacões no Atlântico, e o dano causado pelas tempestades provavelmente seguirá aumentando, por conta do aquecimento provocado pelo efeito estufa, de acordo com um novo estudo que oferece, pela primeira vez, uma relação direta entre mudança climática e intensidade dos furacões, diferentemente de trabalhos anteriores que relacionavam a temperatura dos oceanos à probabilidade de aumento no número de tempestades.
O pesquisador James Elsner, da Universidade Estadual da Flórida, examinou a ligação estatística entre a temperatura média do ar próximo à superfície no mundo e a temperatura da superfície do mar no Atlântico, comparando os dois fatores à intensidade dos furacões pelos últimos 50 anos. Ele descobriu que a temperatura média do ar entre junho e novembro é útil para prever as temperaturas na superfície do mar – componente vital para a formação de furacões – mas não o contrário. O trabalho de Elsner deverá ser publicado no periódico Geophysical Research Letters.
Diversos trabalhos recentes vinham alertando para o risco de o aquecimento global induzido por atividade humana elevar o número de furacões. Outros pesquisadores, no entanto, levantaram a hipótese de o aquecimento das águas do Atlântico, que é o fator imediato na formação das tempestades, poder ser fruto de causas naturais, como uma oscilação periódica da temperatura no Atlântico Norte.
Elsner, porém, diz que seu estudo traz “motivos de preocupação”, já que relaciona as temperaturas globais, não apenas as do Atlântico, aos furacões. (Estadão Online)