Mais de 2 mil especialistas e organizações reúnem-se esta semana em Estolcomo, na Suécia, para a Semana Internacional da Água. O tema central do evento é “Para além do Rio – A Partilha de Benefícios e Responsabilidades”. A conferência, que terminará a 26 de agosto, tem abordado questões da corrupção ligada à gestão da água, da igualdade dos sexos face à distribuição, do crescimento demográfico, das alterações climáticas, da agricultura, da poluição ou ainda do ambiente.
Países ricos como Inglaterra, Espanha e as grandes metrópoles australianas e norte-americanas estão entre os que mais devem sofrer as conseqüências da escassez de água no mundo. O Fundo Mundial para Natureza liberou dois relatórios que apontam sérias restrições de água em países ricos e nos em desenvolvimento. A causa apontada é a má gestão dos recursos hídricos.
Foi isso que defendeu o professor Asit Biswas. Ele afirma que o mundo confronta-se com uma crise de água, relacionada com a gestão e não com a disponibilidade. “Permitam-me ir contra as idéias geralmente estabelecidas. O mundo não se confronta com uma penúria de água. Temos bastante água para tudo o que precisamos”, declarou. “Gerimos incrivelmente mal a água”, lamentou o catedrático que preside ao Instituto do Terceiro Mundo para a Gestão da Água, no México.
Num relatório apresentado na abertura da Semana Mundial da Água, os cientistas afirmam que um terço da população do planeta tem escassez de água. O documento, elaborado durante cinco anos pelo Instituto Internacional de Gestão da Água (IWMI), com sede no Sri Lanka, considera crucial melhorar a gestão da água, particularmente na agricultura dos países em desenvolvimento.
A poluição da indústria e da agricultura, os danos do turismo de massas e os efeitos das mudanças climáticas podem, dizem os peritos, definir as regiões mais afetadas pela falta de água na Europa, em 2070.
O relatório recomenda a construção de mais reservas de água, a melhoria nos sistemas de irrigação e o desenvolvimento de culturas resistentes à seca para se minimizar o problema.
“Os últimos 50 anos de práticas de gestão de água não servem de modelo para enfrentar a falta de água no futuro”, afirmou o presidente do IWMI. “Precisamos de mudanças radicais nas instituições e organizações responsáveis pela gestão dos recursos hídricos da Terra e de um modo muito diferente de pensar sobre gestão de água”, acrescentou.
A água utilizada na agricultura, por exemplo, representa 74 por cento da utilização mundial. Para se produzir um copo de leite, gastam-se mais de 200 litros de água, um quilo de trigo necessita de 4 mil litros de água e um quilo de carne industrial à volta de 10 mil litros de água.
As situações mais graves registam-se em países em desenvolvimento como a China e a Índia, onde os recursos de água são explorados em demasia. Com o aumento da população, e sem o melhoramento das técnicas de cultura, o consumo pode aumentar 80% até 2050. (CarbonoBrasil/ Euronews/ Agronotícias)