O governo britânico negou na terça-feira (03) que tenha planos para privatizar a Amazônia e que pretenda incluir o assunto na pauta de uma reunião internacional sobre mudança climática iniciada na terça-feira em Monterrey, México. A declaração havia sido dada pelo secretário do Ambiente do Reino Unido, David Miliband, ao jornal “Daily Telegraph”.
Segundo o jornal, Milliband propunha uma “privatização completa da Amazônia” contra emissões de gases-estufa pelo desmatamento e admitia que a idéia poderia levantar “questões de soberania” com o Brasil. “Isso não está sendo discutido em Monterrey”, disse à Folha de São Paulo Penny Fox, porta-voz do Departamento do Ambiente britânico.
O governo brasileiro atacou a idéia. “Se alguém tem essa intenção não tem muito conhecimento do que é a Amazônia. Hoje 75% da região pertence ao Estado. São áreas que não podem ser vendidas”, disse Tasso Azevedo, diretor do Serviço Florestal Brasileiro. Ele afirmou que nos últimos três anos foram investidos R$ 100 milhões na proteção da selva.
Os interessados em ajudar na proteção de uma das maiores reservas de biodiversidade do mundo, explica Azevedo, podem colaborar de várias formas. Uma delas é ajudar o fundo do Arpa – Programa de Áreas Protegidas da Amazônia. “Até agora, apenas empresários brasileiros colaboraram com essa iniciativa. Recursos estrangeiros também seriam muito bem-vindos”, afirmou o representante do Ministério do Meio Ambiente.
Um dos apontados como autor da idéia de comprar grandes nacos da Amazônia é o multimilionário inglês Johan Eliasch, nascido na Suécia. Recentemente, ele adquiriu uma área de 400 mil hectares de floresta no território brasileiro. “Ele comprou uma região que está certificada para a exploração de madeira. Há áreas bem mais ameaçadas”. Segundo Azevedo, o plano de combate ao desmatamento feito pelo Brasil pode ser ajudado de várias outras formas -não com a “privatização” da floresta. (Folha Online)