Agentes do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis do Amazonas e do Acre negociaram a liberação da rodovia BR-364 que estava interditada por madeireiros do Distrito de Vista Alegre do Abunã, localizado na fronteira entre os estados do Amazonas e Rondônia.
A rodovia estava interditada desde o último sábado (07) em protesto contra as ações da “Operação Acauã”, que combate ao desmatamento do sul do estado do Amazonas. De acordo com Adílson Cordeiro, chefe da Divisão de Fiscalização do Ibama, apesar do distrito ficar localizado no estado de Rondônia, toda a madeira utilizada pelas serrarias saem de planos de manejo no Amazonas.
“Nós começamos a vistoriar as madeireiras na sexta-feira; no domingo a população se revoltou e resolveu bloquear a estrada, exigindo a retirada dos fiscais do Ibama. Eles provavelmente temiam que nós encontrássemos irregularidades”, conclui Adílson.
A maior parte das empresas de Vista Alegre ainda não fez a declaração de estoque necessária para operação do DOF – Documento de Origem Florestal, novo sistema informatizado do Ibama para controle de madeira. O prazo terminou em 30 de setembro.
Durante a negociação, o Ibama suspendeu as inspeções e concedeu prazo até a próxima segunda-feira, dia 16, para que as madeireiras regularizem sua situação. Somente a partir de segunda-feira, então, os fiscais voltarão à campo para vistoriar as empresas.
De acordo com Adílson, há suspeitas de que as madeireiras estejam utilizando planos de manejo legalizados para “esquentar” madeira ilegal. “Ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa. Mas durante a inspeção, se houver alguma irregularidade nós vamos identificar e punir as empresas, se for o caso”, garante.
O pequeno distrito de Vista Alegre do Abunã é um vilarejo que sobrevive principalmente da atividade de extração de madeira, e possui nada menos que 43 madeireiras. De acordo com o superintendente substituto do Ibama, Mário Lúcio Reis, que esteve no local na última semana, há uma grande animosidade contra a presença do Ibama na área, não só dos madeireiros mas da própria população.
“Nós ouvimos do dono do hotel, dos comerciantes, das crianças pedidos para que deixemos a cidade o mais rápido possível, pois tudo fica paralisado enquanto o Ibama está lá. Por outro lado, também recebemos apoio dos madeireiros que atuam legalmente, seguindo as regras ambientais”, pondera. (Flávia Mendonça/ Ibama)