E lembrou que antes da instalação dos viveiros os produtores falavam que a prática ira gerar mais empregos: “Eles fizeram vários viveiros e cada viveiro gera emprego para um ou dois pescadores. Não tem condição de mais pescadores trabalharem, porque eles não conhecem o processo”.
Segundo Clementino de Jesus, muitos pescadores estão deixando o ofício de lado e procurando novas profissões. “Tem pai de família passando fome. No Ceará, houve até ameaça de morte, prisões e espancamentos. Eles colocam cerca elétrica em cima do viveiro e já aconteceu de pescador morrer eletrificado”, contou.
Para o tesoureiro, a questão ambiental também preocupa. Ele informou que os produtores degradaram os mangues com material orgânico, cuja utilização polui as águas dos rios e mata os peixes. Essa atividade nos mangues está proibida.
Em junho de 2005 foi aprovado relatório de um grupo de trabalho na Câmara dos Deputados que listou 122 impactos produzidos sobre os ecossistemas, a saúde humana e a vida de comunidades tradicionais. Depois de visitar cerca de 50 fazendas de criação em dois anos, o grupo destacou interferências no fluxo das marés, extinção de áreas de pesca e mariscagem, contaminação de água destinada ao consumo humano e apropriação de terras públicas.
O relatório alerta ainda para os danos do uso, bastante comum, do apicum – parte dos manguezais composta por brejos de água salgada.
(Fonte: Luciana Vasconcelos / Agência Brasil)