O LBA – Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia está fazendo o balanço do carbono na bacia Amazônica, que deve ser concluído em 2008. Mas os resultados preliminares já ajudam o Brasil a enfrentar a polêmica entre cientistas e negociadores internacionais sobre o papel da floresta na manutenção do equilíbrio climático.
“O que nós fizemos até o momento aponta para algo em torno de meia a uma tonelada de hectare de absorção positiva de carbono por ano”, disse o coordenador regional do LBA, Flávio Luizão. “Precisamos combinar isso com uma grande expedição científica programada para o início do próximo ano. Mas não acredito que o resultado será muito diferente”.
Embora seja popularmente chamada de “ar condicionado do planeta”, o funcionamento da Amazônia como reservatório de carbono, ajudando a combater o aquecimento global, é questionado por algumas pesquisas.
“O fato é que há uma variabilidade muito grande, de acordo com a área da Amazônia que se estuda”, ponderou Luizão. “Enquanto regiões ao sul do Amazonas, que fazem transição com o Cerrado, têm uma emissão basicamente igual à absorção, outras áreas mais secas, como Santarém, emitem mais carbono que absorvem. Mas, no geral, a absorção é positiva”.
Luizão contou que o LBA começou a ser desenhado no Rio de Janeiro, durante a Eco-92, a partir das discussões sobre aquecimento global. O que se pretendia era entender o funcionamento da floresta e sua relação com as mudanças do uso da terra e do clima. Com 1,2 mil pesquisadores cadastrados, o programa já gastou cerca de US$ 80 milhões em pesquisas desde 1998, quando entrou em funcionamento.
A maior parte dos recursos veio da Agência Espacial Norte-Americana (Nasa), mas atualmente o principal financiador é o governo brasileiro. Neste ano, o LBA está sofrendo com a falta de verbas: o orçamento aprovado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia é de R$ 2,4 milhões – R$ 1,6 milhão a menos que o mínimo necessário para o funcionamento pleno do programa.
Comprovar a importância da Amazônia para o equilíbrio climático ajuda o Brasil a defender a proposta que está apresentando no Quênia, na COP12 – 12ª Conferência das Partes da Convenção sobre Mudanças Climáticas. Em termos gerais, ela prevê uma contribuição voluntária dos países desenvolvidos aos países em desenvolvimento que conseguirem reduzir suas taxas de desmatamento. (Thaís Brianezi/ Agência Brasil)