Laudo comprova que rebanho paranaense não tinha aftosa

O sacrifício de 6.781 bovinos no Paraná, em março deste ano, sob suspeita de aftosa foi em vão: é o que determinou a necropsia realizada em 21 desses animais pelo Lanagro – Laboratório Nacional Agropecuário, de Belém (PA), pois os exames não detectaram a presença do vírus. O laudo do Lanagro, feito com base nos exames de sorologia, líquido esofágico-faríngeo e RT-PCR, este último destinado a detectar eventuais fragmentos do vírus nas vísceras dos bovinos, foi entregue terça-feira (26) ao advogado Ricardo Rocha Jorge Pereira, de Londrina (PR), que defende os sete pecuaristas que tiveram seus rebanhos sacrificados.

A realização da necropsia foi exigida pelos produtores para permitir o abate do rebanho, já que eles contestavam que os animais estivessem contaminados, como garantia o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que, em dezembro do ano passado, confirmou a existência dos focos da doença.

A suspeita havia sido declarada um mês antes pelo governo do Paraná que, ao não constatar os sintomas – rachadura nos cascos e excesso de salivação – voltou atrás e passou a contestar o Ministério. A suspeita foi declarada após a confirmação da doença no Mato Grosso do Sul. Um lote de animais daquele Estado foi leiloado em Londrina e apresentou reação positiva aos testes sorológicos.

Prejuízos – A Faep – Federação de Agricultura do Estado do Paraná estima que pecuaristas e suinocultores do Estado tiveram um prejuízo de pelo menos R$ 180 milhões por causa do anúncio da doença. E o Sindicarne – Sindicato da Indústria de Carnes e Derivados do Paraná calcula que o Estado deixou de exportar R$ 650 milhões de carne bovina e suína, embora parte dessa produção tenha sido absorvida pelo mercado interno.

O Paraná ainda não recuperou o status de região livre de aftosa com vacinação, dependendo, para isso, da manifestação da OIE – Organização Mundial de Saúde Animal. A Rússia voltou a comprar carne do Paraná em dezembro. As restrições sanitárias no Estado foram levantadas em outubro.

Segundo o advogado Jorge Pereira, o laudo do Lanagro permitirá que os pecuaristas exijam compensações da União. Ele não sabe determinar o valor da ação, que, segundo ele, deverá cobrir a defasagem do valor da arroba utilizado para as indenizações – antes da aftosa a arroba bovina estava em R$ 60, caindo para R$ 47 após o anúncio da doença -, perdas e danos morais e o prejuízo por não poderem utilizar suas pastagens ou área de confinamento durante vários meses.

O Ministério de Agricultura informou que seguiu os procedimentos determinados pela OIE, que obriga a confirmação da doença quando houver reação positiva de animais que mantiveram contato com o vírus. O secretário de Agricultura do Paraná, Newton Pohl Ribas, não pôde ser localizado para comentar o assunto. (José Antonio Pedriali/ Estadão Online)