Boto-de-burmeister pode ser extinto no rio Yang Tsé

Cientistas chineses apresentaram um plano de emergência ao governo para tentar evitar que o Boto-de-burmeister, espécie que habita as águas do rio Yang Tsé, entre em extinção, a exemplo do que aconteceu com o golfinho branco.

“Embora ainda restem aproximadamente 1,4 mil Botos-de-burmeister no Yang Tsé, eles enfrentam o mesmo risco de extinção que o golfinho branco, devido ao excesso de navegação, à pesca ilegal, à poluição das águas e às hidrelétricas”, disse Wang Kexiong, autor do projeto e especialista do Instituto de Hidrobiologia.

Entre as medidas reivindicadas, está a proibição total da pesca nos cursos médio e baixo do rio mais longo da China. “Praticamente já não há peixes. Perante a dificuldade da pesca, as pessoas recorrem a práticas ilegais, como explosivos, descargas elétricas e até remédios para atordoar os peixes”, disse Wang.

Embora a espécie esteja em sério risco de extinção, o Boto-de-burmeister tem nível de proteção dois, por isso os cientistas exigem que seja elevado para o nível um, o que significaria uma maior proteção. Os pesquisadores também querem que o governo dedique mais meios materiais e humanos para analisar a procriação da espécie em cativeiro e que estabeleça mais áreas de proteção naturais.

Segundo Wang, o projeto também reivindica mais autonomia para os departamentos locais de navegação para punir os pescadores ilegais e criar uma legislação específica para proteger os recursos do rio Yang Tsé. “O governo tem que mudar seu enfoque. Não pensar apenas em como utilizar o rio, mas também em como devolver seu caráter original quando era um rio de vida”, ressaltou Wang.

A outrora rica biodiversidade do Yang Tsé, em cujas margens vivem 400 milhões de pessoas, está sofrendo um alarmante declive nos últimos anos em conseqüência do rápido crescimento econômico do país. Se em meados dos anos 80 havia cerca de 126 espécies animais, em 2002 este número caiu para apenas 52, devido fundamentalmente à poluição causada por indústrias, fábricas de celulose e químicas, e ao excesso de navegação. (Efe/ Terra)