Símbolo da preservação da Mata Atlântica, o Mico-Leão-Dourado conseguiu deixar para trás o status de criticamente ameaçado e aumentar sua restrita população de 200 indivíduos, na década de 1980, a 1500 indivíduos, conforme o último censo realizado. Essa é uma das experiências exitosas na proteção da biodiversidade brasileira a partir do envolvimento comunitário apresentadas no livro Educação Ambiental e Conservação da Biodiversidade: reflexões e experiências brasileiras, que será lançado nesta segunda-feira, dia 29, às 18h, na Casa das Rosas (Av. Paulista 37 – Paraíso, São Paulo SP).
A obra revela, em 21 capítulos de 38 autores, as estratégias educativas pioneiras, ancoradas no trabalho coletivo, que têm revertido cenários críticos para a conservação do patrimônio natural brasileiro, no âmbito das entidades governamentais, não-governamentais e da iniciativa privada. Também dá uma pincelada em experiências internacionais em artigo sobre os desafios e lições aprendidas nos projetos da Conservação Internacional. Na primeira parte da publicação, organizada pela Conservação Internacional (CI-Brasil), Instituto Physis e Instituto Ecoar, o leitor terá ainda artigos de duas referências mundiais em educação e ecologia, Edgar Gaudiano e Fritjof Capra.
O primeiro aprofunda o debate sobre a diferença entre a educação para a conservação e para a biodiversidade, abordando os tipos de “ambientalismos”, a importância de se agregar ações de comunicação para o sucesso dos programas ambientais e as implicações da instrumentação prática da educação ambiental. No texto de Capra, transcrição de uma palestra dada em escola nos EUA, ele discute criatividade e liderança em comunidades de aprendizagem, apresentando os elementos necessários para a compreensão do trabalho em rede. A jornalista Miriam Duailibi, uma das principais ativistas ambientais do Brasil, assina o prefácio da publicação.
Caminho para a Conservação – A iniciativa foi um dos resultados da Rede de Educadores e Comunicadores dos Corredores de Biodiversidade, criada pela CI-Brasil para fomentar a articulação de organizações ambientais parceiras da instituição na implementação de 17 Corredores de Biodiversidade e outras ações de conservação em quatro biomas brasileiros – Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal e Amazônia, além de Ecossistemas Marinhos. Hoje, a Rede aproxima 72 profissionais de 39 instituições espalhadas por 12 estados brasileiros. “Conseguimos reunir algumas das principais e mais antigas experiências em educação ambiental e conservação do Brasil”, salienta a gerente em Educação e Articulação Social da CI-Brasil, Viviane Junqueira, observando que a publicação atende à carência na disseminação dessas informações no país.
Publicada pela Editora Manole, parceira no projeto, a obra estará à venda pelas organizações Ecoar e Instituto Physis, pelo valor de R$ 20,00. Toda a emissão de carbono gerada pela produção do livro foi seqüestrada.
Estudos de casos e reflexões – Dentre as experiências governamentais citadas no livro, está a dos programas e projetos que o Ministério da Educação e o Ministério do Meio Ambiente, nos seus setores de Educação Ambiental, estão implantando junto às redes públicas de ensino, unidades de conservação, prefeituras municipais, empresas, sindicatos, movimentos sociais, organizações da sociedade civil, consórcios e comitês de bacia hidrográfica e assentamentos de reforma agrária. A obra traz também um relato sobre as atividades realizadas pelo Núcleo de Educação Ambiental do Parque Nacional Marinho dos Abrolhos, na Bahia, enfocando o esforço de inserção da comunidade; e o projeto da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e do Instituto Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos do Espírito Santo para a implementação dos corredores ecológicos na Mata Atlântica do estado.
Na esfera do terceiro setor, o livro apresenta três estudos de caso sobre os caminhos das agendas 21 locais na busca da sustentabilidade, e os resultados da aplicação da metodologia “campanhas de orgulho”, que utiliza espécies-bandeiras, proposta pela ONG americana Rare Center for Tropical Conservation, em países como Colômbia, México, Bolívia, Guiana e Gana. Dois estudos de caso têm como contexto o Cerrado: a experiência da Fundação Pró-Natureza (Funatura) na criação e assessoramento às Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs), abordando os critérios para o estabelecimento, planejamento, manutenção e a gestão de um sistema de trilhas e o premiado projeto que utiliza o programa de rádio “Fala Cerrado” como veículo de rede de educação e informação ambiental.
A atuação da Natura e sua relação com o tema conservação da biodiversidade servem de pano de fundo para uma discussão sobre o papel da iniciativa privada na busca de soluções sustentáveis.
Saiba o que é o Corredor de Biodiversidade
Os Corredores de Biodiversidade são regiões planejadas com o intuito de assegurar a sobrevivência no longo prazo de espécies da fauna e flora nativas. Para evitar que as atividades humanas causem o isolamento das áreas protegidas, é necessário implantar um esquema de manejo da paisagem que compatibilize o desenvolvimento econômico com a conservação da biodiversidade.
Assim, políticas públicas devem ser definidas de modo participativo para que sejam estimuladas atividades econômicas compatíveis com o meio ambiente. Uma das formas de manter as espécies nativas é pelo estabelecimento de conexões entre áreas nativas, sendo que essas ‘pontes’ garantem o trânsito de espécies por um mosaico de unidades ambientalmente sustentáveis – parques, reservas públicas ou privadas, terras indígenas, além de propriedades rurais que desenvolvem atividades produtivas resguardando as áreas naturais.
(Fonte: Assessoria de Comunicação CI-Brasil)