A pandemia afetou quase que a totalidade dos serviços econômicos, no turismo ecológico não foi diferente e foram necessárias uma série de medidas para evitar a propagação do Covid-19 nas unidades de conservação em todo o mundo.
O que são unidades de conservação
No Brasil, as unidades de conservação (UCs) são definidas como áreas naturais delimitadas pelo Poder Público municipal, estadual e federal, reguladas pelo Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC). Estas áreas, são protegidas por possuírem características naturais importantes para a conservação, seja do habitat, da preservação de espécies e da manutenção da qualidade de nascentes e córregos.
Existem vários tipos de UCs, cada qual com sua nomenclatura, diretrizes e finalidades específicas – sendo divididas em duas categorias principais com sub categorias, conforme a seguir.
As unidades de proteção integral possuem normas mais restritas e voltadas a pesquisa e conservação da biodiversidade, já as unidades de uso sustentável admitem a presença de moradores, compatibilizando a conservação da natureza com o uso sustentável dos recursos naturais.
Visitações e educação ambiental
As unidades de conservação, são responsáveis não apenas pela preservação de espécies e dos recursos naturais, como também atuam como importante ferramente de educação ambiental. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), responsável pelas áreas federais de conservação, realizou senso de visitação em UCs federais e identificou aumento de 327% em relação a 2006. Os locais atraem visitantes interessados em trilhas, alpinismo, eventos ecológicos, dentre outros.
Medidas frente à pandemia
O Ministério de Meio Ambiente emitiu nota em março informando que todas as unidades de conservação federais deveriam suspender a visitação, de forma a reduzir o risco de disseminação do novo coronavírus.
Os estados e municípios sob seus próprios comunicados seguiram a mesma diretriz, com a prevenção de aglomerações nas áreas dos parques, a suspensão temporária de visitação, de atividades voluntariadas e de eventos, bem como, atuação em menor escala dos funcionários das unidades.
A título de exemplo da proporção de visitas, o Parque Nacional da Tijuca, onde se encontra o acesso ao Cristo Redentor, principal ponto turístico da cidade do Rio de Janeiro, recebe por semana cerca de 50 mil visitantes – com média superior a 7 mil pessoas por dia. No Parque foi necessário suspender as atividades para prevenir a propagação do coronavírus.
Em Parques mais distantes e com áreas mais abertas, as mesmas medidas seguiram válidas, em virtude dos pontos de circulação de pessoas serem mais focalizados nas trilhas e possuírem equipamentos de uso coletivo que podem ser um facilitador a transmissão do Covid-19.
As unidades de conservação que dispõem de centros de pesquisas e laboratórios, atenderam as medidas por meio da interrupção de atendimento ao público, com coleta de dados internos e reduzidos.
Em diversas localidades, as áreas de preservação possuem em suas proximidades hotéis, pousadas e campings que recebem o público interessado no turismo ecológico, nas quais também foi necessário seguir as medidas de suspensão ou redução de atividades.
Um outro importante fator, são as unidades de uso sustentável que possuem em sua área populações tradicionais. Nestes locais, as medidas foram focadas em restringir a circulação, divulgar medidas de conscientização através de campanhas e guias contra o Covid-19, bem como, suspender reuniões presenciais comunitárias, de conselhos e dos gestores dos parques.
Conscientização e interação durante o isolamento social
Para garantir interação junto ao público os parques, institutos e centros de conservação da biodiversidade, estão criando formas de comunicação com o público em suas redes sociais, seja registrando os animais do local, criando conteúdo educativo e esclarecendo as medidas preventivas ao coronavírus adotadas.
Registros de animais pelo mundo em tempo de pandemia
Recentemente, uma tigresa no zoológico do Bronx, na cidade de Nova York testou positivo para o novo coronavírus, onde acredita-se que foi o primeiro caso conhecido de um humano infectando um animal e deixando-o doente. Acredita-se ter sido infectada por um funcionário assintomático no zoológico.
Após esta notícia, diversos santuários na África suspenderam as atividades para proteger os animais, principalmente os primatas, por conta dos vírus respiratórios serem mais facilmente transmitidos à eles e serem mais propícios a causar complicações. O Parque Nacional de Virunga, na República Democrática do Congo também encerrou as atividades, por lá se encontrar alguns dos últimos gorilas-das-montanhas do mundo.
Com estas quarentenas adotadas nos países, os animas estão mais à vontade para se aventurar nas ruas, cabras já foram vistas desfilando livres pelo País de Gales, javalis foram vistos em ruas na Itália, cervos foram vistos andando nas ruas da cidade de Nara, no Japão.
Mais recentemente, leões foram fotografados aproveitando o espaço livre de turistas no Parque Nacional Kruger, na África do Sul.
Em um dia normal, esta rodovia estaria bem movimentada com carros e guias turísticos.
“As pessoas devem lembrar que o parque ainda é uma área amplamente selvagem e, na ausência de seres humanos, a vida selvagem é mais ativa”. – Porta-voz do Parque Nacional Kruger.
Embora a visitação esteja proibida no local, a entrega de suprimentos, os serviços de segurança e as operações de crimes contra a vida selvagem, continuam atuantes, disseram os Parques Nacionais da África do Sul (SANParks) em comunicado.
Maria Beatriz Ayello Leite
Redação Ambientebrasil