Funasa anuncia construção de posto de saúde indígena em Rondônia em caráter de emergência

A Funasa – Fundação Nacional de Saúde vai iniciar a construção de um posto de saúde indígena na aldeia de Lage Velho, em Guajará-Mirim (RO). Segundo o presidente da Funasa, Paulo Lustosa, o posto deve ser inaugurado em no máximo 60 dias, e a expectativa é que ajude a combater a crise na saúde indígena na região.

Três crianças indígenas morreram e 12 foram internadas em menos de três semanas em Lage Velho. O Cimi – Conselho Indigenista Missionário relaciona esses problemas ao atraso nos repasses de verba, falta de medicamentos, de transporte e de instalação de um posto de saúde.

O Cimi diz que a situação na região “nunca foi tão grave”, levando, nos últimos meses a epidemias de gripe, diarréias e malária. “Falta medicação dentro da aldeia. Quando aparece um caso para ser encaminhado, eles procuram telefonar para o pólo-base, a Casai – Casa de Saúde Indígena para que um transporte venha buscar o paciente. Às vezes o orelhão da aldeia não funciona e, quando funciona, às vezes não tem transporte no pólo base, e foi isso que ocorreu na última morte” relata Gil de Catheau, médico ligado à entidade.

Lustosa diz que o posto de saúde em Lage Velho terá suas obras iniciadas na próxima semana, em caráter emergencial. Problemas como a malária, segundo o presidente da Funasa, estão relacionados às atividades que vêm sendo desenvolvidas na região. “Em relação ao surto de malária, a aldeia Lage Velho é próxima ao rio Ribeirão, criadouro de anofelinos – transmissores de malária. A extração da castanha e da pesca, prática comum entre os indígenas daquela aldeia, acabam contribuindo para o alto índice de casos.”

O presidente da Funasa afirma que a fundação faz um acompanhamento regular das ações pelo país e não percebe os problemas apontados por ONGs como o Cimi. “Fazemos um acompanhamento quinzenal, por telefone, com os Distritos de Saúde Indígena, se falta carro, se falta medicação, se a vacinação está em dia, se tem problema de desnutrição, se os medicamentos chegaram e são suficientes, se estão devidamente acomodados, se são distribuídos adequadamente”, relata ele.

“Nós procuramos fazer isso sistematicamente”, completa. “Então, as informações que nós temos diferem um pouco e divergem daquilo que foi colocado em relação as ponderações feitas pelo Cimi.” (Gláucia Gomes/ Agência Brasil)