A África precisa se preparar para mais estiagens, enchentes e ciclones provocados pelas alterações climáticas causadas pela poluição industrial, que já prejudicou as economias rurais do continente, disseram especialistas na terça-feira (30).
Líderes africanos discutiram as alterações climáticas numa cúpula na capital etíope, concentrando-se em seu potencial para causar mortes e até conflitos.
Os especialistas pediram aos líderes políticos que tomem providências agora, para evitar que desastres futuros arruínem as vidas dos povos mais pobres do planeta. A África já está sendo atingida por padrões extremos de clima, e por doenças causadas pelas condições climáticas.
“Nos últimos 30 anos, observamos alguns dos piores climas e desastres, que abalam as economias africanas, pois elas são fortemente dependentes da agricultura e vulneráveis às alterações climáticas”, disse Abdoulaye Kignaman-Soro, chefe do Centro Africano para Aplicação Meteorológica no Desenvolvimento (ACMAD).
A desertificação contribuiu para o sangrento conflito na região de Darfur, no Sudão, em que tribos nômades que criam gado entraram em confronto com agricultores, pelos recursos hídricos.
Estudos preliminares na África ocidental mostraram alguma correlação entre conflitos e alterações climáticas, embora ainda sejam necessárias mais pesquisas, disse Stephen Zebiak, diretor-geral do Instituto Internacional de Pesquisa para o Clima e a Sociedade (IRI).
“Quando a situação fica muito difícil, a indicação é que isso possa deflagrar outros tipos de problemas”, disse Zebiak.
“Os países ocidentais deveriam reduzir suas emissões. Somos as vítimas”, disse a ministro das Relações Exteriores da África do Sul, Nkosazana Dlamini-Zuma.
Mas, para Zebiak, os países africanos deviam tomar mais providências para se proteger contra os desastres causados por alterações climáticas, criando sistemas de alerta precoce, que poderiam evitar a fome, enchentes e epidemias provocadas por grandes flutuações do clima.
O IRI disse que a Etiópia conseguiu evitar a fome, durante uma estiagem em 2003, usando um sistema de alerta que forneceu alimentos para 13 milhões de pessoas nas áreas afetadas. No sul do continente, focos de malária causados pelas chuvas podem ser amenizados com o monitoramento meticuloso da previsão do tempo, disse o instituto.
“Se aprendermos melhor agora a lidar com esses desastres … isso nos ajuda a estar preparados para o que o futuro possa trazer”, disse Zebiak. (Reuters/ Estadão Online)