As alterações climáticas em Sydney vão provocar um aumento significativo na morte de pessoas com mais de 65 anos até 2050, segundo um novo relatório ambiental divulgado pela Organização da Comunidade Científica e da Pesquisa Industrial (Csiro, principal agência científica da Austrália).
O texto prevê que as mortes de idosos em decorrência do calor subirão da atual média de 176 ao ano para 1.312, até 2050.
“Isso pode soar como um cenário apocalíptico, mas é um que devemos controlar”, afirmou o primeiro-ministro estadual Morris Iemma ao divulgar o relatório, na quarta-feira (31).
A Austrália já sofre com o aquecimento global, enfrentando sua pior seca em 100 anos, que afeta o crescimento econômico.
A Csiro disse que a temperatura máxima em Sydney deve subir 1,6º C até 2030 e 4,8º C até 2070, enquanto a média de chuvas em 2070 será até 40% menor.
O relatório afirma que uma elevação de 1º C na temperatura e uma redução de 5% nas chuvas já fariam com que o clima da cidade deixasse de ter características litorâneas – a população se sentiria como se morasse em uma vila rural a quase 200 quilômetros do oceano.
O aumento do nível dos mares pode provocar uma erosão costeira de até 22 metros em uma faixa de praias que vai de Collaroy a Narrabeen, ao norte de Sydney, uma orla onde atualmente há casas milionárias.
Um aumento de 24% na evaporação até 2070 e um fluxo menor de água nos rios e córregos pode afetar negativamente a qualidade da água na maior cidade australiana.
Iemma disse que o relatório é “uma leitura assustadora” e pediu ao primeiro-ministro do país, John Howard, que se comprometa com leis que levem à redução das emissões de gases do efeito estufa. A Austrália não participa do Protocolo de Kyoto.
O Estado de Nova Gales do Sul, onde fica Sydney, tem a meta de usar 15% de energia renovável até 2020 e de reduzir em 60% as emissões de gases do efeito estufa até 2050. Iemma propôs a criação de um esquema nacional de comércio de créditos de carbono. (Reuters/ Estadão Online)