O deputado federal comunista, Chico Lopes (PC do B-CE), está tentando mobilizar uma frente de religiosos nordestinos em defesa da transposição do rio São Francisco.
A mobilização é uma tentativa de resposta às ações de d. Luiz Cappio, bispo de Barra (BA), que já fez greve de fome e hoje é tido como uma das principais lideranças contrárias à obra.
A estratégia, tanto do grupo favorável à transposição como do grupo contrário, é usar o tema da Campanha da Fraternidade deste ano, a defesa da Amazônia, para legitimar seu discurso.
“Quando a CNBB fala da Amazônia, fala de água, de vida, e o São Francisco também é água, também é vida”, disse ontem à tarde o deputado, logo após discursar em plenário sobre o assunto.
“Vamos mostrar que a chegada da água é, para Estados como o Ceará e a Paraíba, o maná caído do céu”, disse, referindo-se à passagem bíblica em que Deus enviou do céu um pão ao povo hebreu que fugia do Egito.
Entre os que serão procurados pelo deputado está o arcebispo de João Pessoa, d. Aldo Pagotto, que já se declarou a favor da obra. Antes de atuar na Paraíba, o religioso trabalhou na diocese de Sobral (CE), reduto político do ex-ministro da Integração Nacional Ciro Gomes (PSB), um dos mentores do atual projeto de transposição.
Também ontem à tarde, o arcebispo conversava com o governador da Paraíba, Cássio Cunha Lima (PSDB), para definir estratégias de apoio público à obra. Pagotto também já realizou reuniões com outros bispos do Estado sobre isso.
Do lado dos contrários à transposição, a Pastoral da Terra da Bahia lançou um manifesto, na semana passada, em que acusou a obra de ser “injusta”, por causar “desarmonia e divisão nacional”.
Para Lopes, as divergências entre setores da Igreja não causará desunião. “São só divergências, não haverá quebras, só diálogo. Se há uma instituição que conhece a situação da seca, e contribuiu com muita caridade para ajudar os flagelados, pelo menos no Ceará, é a Igreja”, disse o comunista. (Kamila Fernandes/ Folha Online)