A pesquisa Mudanças Climáticas Globais e seus Efeitos sobre a Biodiversidade, divulgada nesta terça-feira (27) pelo MMA – Ministério do Meio Ambiente, diz que, no pior cenário de aquecimento global, a elevação da temperatura no Brasil pode modificar a vegetação da Amazônia e transformá-la em um novo cerrado. Segundo o coordenador do estudo, José Marengo, muitas espécies da região deixariam de existir.
“Todos os modelos globais apontam para uma redução no nível de chuvas na Amazônia, mas ainda é preciso mais estudos para saber se essa projeção mais grave pode se concretizar. É preciso mais estudos para construir certezas”, analisou. Segundo ele, como a floresta é muito grande, é possível afirmar que ela passará por mudanças ao longo deste século, mesmo que os níveis globais de emissão de CO2 diminuam e o aquecimento seja mais ameno.
Mesmo com o alerta, o governo brasileiro exita em estipular metas para a redução do desmatamento e de emissão de CO2. Segundo o secretário nacional de biodiversidade, João Paulo Capobianco, ter metas não resolve o problema. Ele afirmou, porém, que o governo tem se esforçado para reduzir o desmatamento, principalmente na região amazônica.
“Nos últimos dois anos, o desmatamento da Amazônia caiu 50% e o da Mata Atlântica, 74%. Se fossem só pelas nossas emissões de gases, poderíamos ficar mais de dois séculos sem problemas. Estamos comprometidos com essa redução, mas não vemos necessidade de metas”, disse.
Ainda levando em conta o cenário mais pessimista traçado pela pesquisa, quando a temperatura média do Brasil pode subir até 4ºC até 2100, a região do semiárido ficaria árida. Além do aquecimento, nesse caso, as chuvas ficariam mais escassas.
Hoje, a temperatura média do Brasil é de 24,9ºC. No pior cenário, a temperatura na Amazônia poderia subir até 8ºC, aumentando a incidência de doenças como a malária, dengue, febre amarela e encefalite. (Jeferson Ribeiro/ Redação Terra)