Um estudo divulgado na manhã desta terça-feira (27) pelo MMA – Ministério do Meio Ambiente mostra que cerca de 42 milhões de brasileiros que vivem na zona costeira podem ser afetados com o avanço de até meio metro do Oceano Atlântico durante este século. O diagnóstico foi dado pelo CPTEC – Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe – Instituto Nacional de Pesquisas Climáticas, que elaboraram essa parte do estudo.
De acordo com o levantamento, na costa brasileira observou-se a tendência de um aumento do nível do mar de 40 centímetros por século, mas, devido aos fatores globais de aquecimento, esse avanço pode chegar até 50 centímetros. A cidade do Rio de Janeiro é a mais vulnerável à elevação do Atlântico.
Estudos do Inpe também simularam uma enchente na Ilha do Marajó com o nível mais alto do oceano e chegaram a conclusão que, com uma elevação de dois metros, cerca de 28% do território da ilha desapareceria. Se a cheia atingisse seis metros, mais de 36% do local ficaria submerso.
No entanto, os pesquisadores afirmam que o aumento do nível dos oceanos não afetará a costa brasileira por inteiro. Há lugares em que está acontecendo justamente o contrário, e a faixa de areia está aumentando.
“A maré atua por ciclos e, apesar do derretimento das calotas polares, o que estamos vivendo nesse momento é um desses movimentos de maré, que deve durar todo esse século. É uma tendência, mas que vai afetar a costa de maneiras diferentes”, explica a professora Emília Arasaki, da USP – Universidade de São Paulo.
Segundo ela, os fenômenos naturais extremos estão cada vez mais intensos, o que provoca outras alterações na costa. “Os eventos naturais extremos, como frentes frias e ressacas, estão se intensificando. Isso pode afetar a costa também, provocando maior erosão das praias” explica. As regiões Sul e Sudeste estão mais suscetíveis ao aumento do nível do Oceano Atlântico.
O estudo do MMA foi baseado em dois cenários. Em um deles, as autoridades brasileiras conseguiriam reduzir a emissão de CO2 e o desmatamento, principalmente na Amazônia, quase que completamente. Em outro cenário, haveria o contínuo aumento do aquecimento, do desmatamento e da emissão de gases tóxicos.
No cenário mais pessimista, a temperatura média do Brasil pode subir até 4ºC até 2100. Hoje, a temperatura média do Brasil é de 24,9ºC. Já a temperatura na Amazônia poderia subir até 8ºC, aumentando a incidência de doenças como a malária, dengue, febre amarela e encefalite.
O estudo do MMA é dividido em oito partes e começou a ser realizado em 2004. O trabalho foi concluído no ano passado e, coincidentemente, divulgado semanas depois do levantamento do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), que mostrou um aumento do aquecimento global e das emissões de CO2 no mundo. (Jeferson Ribeiro/ Redação Terra)