Cerca de duas mil pessoas da região do Sub-médio São Francisco, entre os estados da Bahia e Pernambuco, fecharam no domingo (25) a ponte que liga os municípios de Juazeiro (BA) e Petrolina (PE). Em seguida o grupo ocupou o prédio da Codevasf – Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco, na cidade pernambucana. O ato faz parte das ações que estão sendo chamadas de ‘jornada de lutas’ pela revitalização, contra a construção de novas barragens e o projeto de transposição de águas do Rio São Francisco.
No final da manhã, cinco ônibus com grupos do município de Curaçá e do Projeto Pedra Branca – que estão dentro de áreas que serão diretamente atingidas pela construção dos canais por onde se pretende verter as águas – foram surpreendidos por policiais militares na entrada da cidade baiana. Os trezentos manifestantes desceram do ônibus e caminharam cerca de cinco quilômetros.
O grupo encontrou com os demais manifestantes, que estavam na concentração desde o início da manhã em Juazeiro, e juntos interditaram a ponte que liga os dois estados, por mais de uma hora. A polícia reapareceu, dessa vez armada e com cães para intimidar os manifestantes. O grupo então se dirigiu a Petrolina onde houve a ocupação do escritório da Codevasf.
Ali foi apresentada uma pauta de reivindicações. O substituto do superintendente regional, Luiz Manoel, se responsabilizou pela negociação com uma comissão formada por nove pessoas, de organizações como: STR – Sindicato de Trabalhadores Rurais, MST – Movimento de Trabalhadores Sem Terra, Pólo Sindical, CPT – Comissão Pastoral da Terra.
A desocupação aconteceu no final da tarde com acordos e concessões: aluguel de ônibus para uma parte do grupo viajar à Brasília, onde haverá outro ato, e para a participação na marcha, em Salvador, dia 08 de março – comemorativa ao Dia Internacional da Mulher. Além do comprometimento formal do superintendente regional, Reginaldo Alves Paes, assegurar a participação do ministro da Integração, Pedro Britto, no debate aberto com representantes da sociedade civil.
O ato teve o envolvimento de organizações e movimentos populares junto com povos indígenas, quilombolas e pescadores da Bacia. Todos estão em preparação para um acampamento que será montado em Brasília, a partir do dia 12 de março. As ações fazem parte da jornada de lutas que iniciou, dia 22, quando o bispo da Diocese de Barra (BA), D. Luiz Cappio, protoclou carta ao presidente Lula pedindo a abertura de diálogo com a sociedade e o recuo no projeto de transposição.
No mesmo dia foram distribuídos cerca de cinco mil panfletos durante o lançamento da Campanha da Fraternidade da CNBB, no Parque da Cidade, em Belo Horizonte (MG), com argumentos pela revitalização, contra a transposição e chamando as pessoas para participar das mobilizações. No dia seguinte foi a vez do tema ser inserido na ação do Sindicato da Rede Municipal de Ensino, daquela cidade.
Domingo, em Ibotirama (BA), com a presença de D. Luiz Cappio, cerca de setecentas pessoas que participavam da celebração do lançamento do Diretório Nacional de Catequese, fizeram ato simbólico e caminhada até as margens do Rio, em uma mistura de religiosidade e indignação. (Comunicação – Articulação Popular São Fancisco Vivo)