Os girinos do sexo masculino podem se tornar rãs fêmeas devido à contaminação de seu habitat por estrogênios, segundo revelou um experimento realizado recentemente em um laboratório sueco. Esse fenômeno poderia contribuir para explicar porque cerca de um terço das espécies de rãs vivas no mundo corre o risco de extinção atualmente.
O estudo será publicado em maio na Environmental Toxicology and Chemistry, revista científica americana. Duas espécies diferentes de rãs foram expostas a níveis de estrogênio semelhantes aos encontrados em águas da Europa, Estados Unidos e Canadá, no laboratório da Universidade de Uppsala, na Suécia.
Os resultados foram edificantes: as fêmeas representavam menos de 50% da população de cada uma das espécies, mas a proporção mudou de forma significativa nas rãs, separadas em três grupos e expostas a diferentes níveis de estrogênio.
O número de girinos a se transformar em fêmeas entre os que foram expostos à menor concentração de hormônio em um dos três grupos foi duas vezes maior. Nos outros dois grupos, expostos a níveis mais altos de estrogênio, as rãs viraram fêmeas em 95% no primeiro grupo e em 100% no outro.
“Esses resultados são bastante alarmantes”, afirmou Cecilia Berg, co-autora do estudo com Irina Pettersson, ambas pesquisadoras da Universidade de Uppsala. “Comprovamos essas mudanças espetaculares expondo as rãs a uma substância apenas. Na natureza, podem existir muitas outras atuando juntas”, ressaltou. (AFP/ Terra)