Combater o aquecimento global não custará muito caro, mas os governos têm cada vez menos tempo para evitar elevações significativas e prejudiciais nas temperaturas, mostrou um relatório preliminar da Organização das Nações Unidas.
O texto, que deve ser divulgado em Bangcoc no dia 4 de maio, indica que, do jeito que está, o aquecimento deve fazer as temperaturas subirem mais que o patamar de 2º Celsius em relação aos tempos pré-industriais, considerado pela União Européia o limite para mudanças “perigosas” na natureza.
Dois cenários ressaltados no documento afirmam que o custo de limitar as emissões de gases estufa podem significar um prejuízo de somente de 0,2% a 0,6% do PIB – Produto Interno Bruto mundial em 2030.
Alguns modelos mostram que medidas como maior eficiência na queima de petróleo e carvão poderiam até provocar um pequeno crescimento na economia mundial.
O cenário mais rigoroso analisado, em que os governos garantiriam que as emissões de gases estufa começassem a cair em 15 anos, custaria 3% do PIB em 2030.
As conclusões ratificam as do relatório do ex-economista-chefe do Banco Mundial Nicholas Stern, do ano passado, que estimava que o custo de agir agora para conter o aquecimento global era de cerca de 1% do PIB, e que se o mundo não tomar providências os prejuízos podem chegar a até 20%.
O documento preliminar, elaborado pelo Painel Intergovernamental sobre a Mudança Climática (IPCC), afirma que há muito potencial para reduzir as emissões, principalmente as decorrentes de combustíveis fósseis. O texto defende o uso da energia eólica, solar ou nuclear.
O relatório, “Mitigação da Mudança Climática”, baseado no trabalho de 2.500 cientistas, disse, porém, que o tempo está se esgotando.
“Os esforços para a mitigação tomados nas próximas duas ou três décadas determinarão em grande parte o aumento na temperatura global média a longo prazo, e os impactos correspondentes que podem ser evitados”, afirmou o texto, que será analisado numa cúpula do Grupo dos Oito, em junho.
O cenário do IPCC para um prejuízo de 0,2% do PIB em 2030 baseia-se na estabilização dos gases estufa em 650 partes por milhão (ppm) na atmosfera. Hoje a concentração é de 430 ppm.
O cenário mais rigoroso, que custaria 3% do PIB, limitaria os gases estufa a 445-535 ppm até 2030, o que manteria a elevação provavelmente entre 2ºC e 2,4ºC.
As emissões de gases estufa cresceram 70% entre 1970 e 2004. Em 2000, os países ricos respondiam por 20% da população mundial e 46% das emissões. Esse panorama deve mudar com o crescimento dos países emergentes, como China e Índia. (Reuters/ Estadão Online)