Multidões de golfinhos do Mediterrâneo poderão morrer com a elevação da temperatura do mar. No norte, focas terão dificuldade em encontrar geleiras para se reproduzir. Verões abafados colocarão a vida dos rebanhos britânicos em risco, e reduzirão o rendimento das lavouras ao longo da costa do Atlântico. Milhões de pessoas em regiões costeiras poderão ver suas casas engolidas pelo oceano. Ondas de calor brutais serão lugar-comum.
Esta é a perspectiva para a Europa delineada no segundo relatório internacional de cientistas sobre o aquecimento global. Membros do Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) divulgaram um resumo de suas conclusões na sexta-feira, 6, e publicaram o capítulo específico sobre a Europa nesta quarta-feira, 11.
“Pelo menos um verão de cada dois será tão quente quanto o de 2003… até o fim do século”, disse Martin Beniston, da Universidade de Genebra, que participou da elaboração do relatório. Ele se referia à onda de calor que causou dezenas de milhares de mortes e prejuízos da ordem de US$ 15 milhões (R$ 30 milhões) à agricultura européia.
Regiões com tendência a sofrer ondas de calor são as partes ocidentais da França, Alemanha e Suíça, bem como áreas da Inglaterra e do sul da Europa, disse Beniston a jornalistas.
As mortes causadas diretamente pelo calor provavelmente aumentarão, mas a mudança climática oferecerá diversos outros riscos à saúde: mais microbactérias alterando a qualidade da água, mais poluição no ar, mais alergias e risco maior de câncer de pele.
Segundo o relatório, mais de metade das espécies vegetais do continente estarão em perigo ou à beira da extinção até 2080, por conta das temperaturas em elevação.
Até 2100, a necessidade de aquecimento artificial na Finlândia cairá de 20% a 30%, e cerca de 40% na Suíça. Mas cientistas estimam que, na Espanha e na Itália, o consumo de eletricidade com refrigeração aumentará 50%. (Associated Press/ Estadão Online)