Segundo o mapeamento dos casos distribuídos por bairros da Cidade, feito pela Secretaria Municipal de Saúde, os distritos mais afetados pela dengue são Raposo Tavares (Zona Oeste), Penha (Zona Leste) e Campo Limpo (Zona Sul), que juntos somam cerca de 30% dos registros, com 208 notificações.
Apenas num conjunto habitacional da Penha, o Cingapura Chaparral, foram diagnosticados cerca de 70 casos, o maior foco de dengue de São Paulo. “A mudança climática, que aumentou as temperaturas ao longo do ano, é uma das hipóteses para o aumento dos casos de dengue”: no clima quente, o mosquito prolifera mais rapidamente, explica o biólogo do Controle Epidemiológico do Município, Adriano Ogera. “Mas os hábitos da população, que ainda deixa água acumulada, hábitat ideal para a larva do mosquito, também ajudam na proliferação da doença.”
Segundo Ogera, nas ações municipais foi identificado que 80% dos criadouros estão dentro das casas das pessoas. “Os vasos de plantas e as caixas d’água são os principais focos de dengue”, contou o especialista. “Não é difícil encontrar residências em que os moradores já ficaram doentes e, tempos depois, quando voltamos ao local, novos criadouros apareceram.”
O avanço da doença pode ser medido pelos balanços divulgados semanalmente pela Prefeitura. Há sete dias, eram 536 casos de dengue. Isso significa que, só neste período, as notificações aumentaram cerca de 30%.
A forma mais perigosa da dengue, a hemorrágica, contraída de forma autóctone, acometeu há duas semanas uma mulher que vive na Capital. Ela tem 36 anos e precisou ficar internada no Hospital São Camilo. Segundo a Secretaria de Saúde a paciente já está curada e passa bem. Além dela, no final de março, uma outra paulistana morreu após contrair dengue hemorrágica em Itanhaém, Litoral Sul do Estado. Segundo especialistas, o problema da dengue é que os sintomas, no início, são parecidos com os da gripe.
E a automedicação pode ser perigosa, já que remédios compostos por ácido acetilsalicílico (ingrediente de muitos antigripais) podem provocar hemorragia. Ariane Jimenez, por exemplo, pensou que seu filho Pedro, 10 anos, tinha sinusite. “Depois os exames mostraram que era dengue. Ainda bem que eu não dei para ele nenhum remédio contra-indicado.”
Em todo o Estado, foram registrados 31.571 casos de dengue até o dia 11 de maio. A pasta estadual confirma seis mortes por dengue hemorrágica, o mesmo número de óbitos de todo o ano passado. Apesar de os números serem altos, nem o Estado nem a Capital configuram epidemias. Seriam necessários 136 mil casos para caracterizar epidemia. (Fernanda Aranda/ Estadão Online)