Cúpula do G8 é ´teste decisivo´ para EUA sobre clima, diz ONU

Um encontro entre países ricos marcado para o próximo mês na Alemanha deve ser um “teste decisivo” para saber como os EUA pretendem ajudar o mundo a enfrentar as mudanças climáticas, afirmou nesta terça-feira (22), o chefe do Unep – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

Os EUA, o país mais poluente do mundo, disseram neste mês que continuarão resistindo à imposição de metas de corte nas emissões de gases do efeito estufa e aos planos para limitar essas emissões, responsabilizadas pelo aquecimento global.

O governo norte-americano teme que medidas do tipo prejudiquem o crescimento econômico do país.

A Alemanha, que organiza o encontro entre os líderes do Grupo dos Oito (G8, formado por países industrializados), deseja que a entidade comprometa-se em cortar pela metade, até 2050, as emissões. E o chefe do Unep, Achim Steiner, afirmou que ninguém deveria prejulgar a postura dos EUA.

“Não há outra opção que avançar. E acredito que esse é o debate atualmente travado não apenas nos EUA como um todo, mas também dentro do governo norte-americano: como levar à mesa de negociações iniciativas dos EUA que possam ajudar”, disse Steiner em entrevista coletiva.

“Faltam alguns dias para um importante teste decisivo. Será então que veremos como o governo norte-americano pretende desempenhar um papel construtivo e positivo para chegar a um consenso internacional”, acrescentou.

Diante de uma opinião pública cada vez mais preocupada com o desafio climático e de relatórios científicos alarmantes sobre os efeitos do fenômeno, países do mundo todo continuam em um impasse nas negociações sobre ampliar as ações de combate ao aquecimento para além do final do primeiro período de vigência do Protocolo de Kyoto, em 2012.

O presidente dos EUA, George W. Bush, opõe-se à imposição de limites de emissão conforme estipulado no Protocolo de Kyoto, afirmando que essas medidas alimentariam o desemprego no território norte-americano e que o tratado errou ao não exigir dos países em desenvolvimento a realização de cortes.

Alguns especialistas do setor climático acreditam que as negociações sobre um sucessor de Kyoto só poderão ser realizadas após o término do mandato de Bush, em 2009.

Mas, segundo Steiner, aumentavam as pressões vindas de dentro dos EUA, onde haveria uma “incrível aliança” entre grandes empresas que agora exigem do governo norte-americano a adoção de metas de emissão e mais de 450 cidades do país que estão se comprometendo voluntariamente com a redução das emissões.

Na semana passada, líderes do Congresso dos EUA, hoje dominado pelo Partido Democrata (oposição), também conclamaram Bush a “mudar de curso” e a fortalecer a postura norte-americana a respeito das mudanças climáticas antes da cúpula do G8. (Reuters/ EStadão Online)